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CAMPANHA ON-LINE
Em teste feito pela Folha, só 7 de 23 candidatos responderam a e-mail enviado por meio de seu site
Na internet, candidatos ignoram eleitor
DAYANNE MIKEVIS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Neste ano, cresceu o número de
candidatos que passaram a usar a
internet em suas campanhas,
mostrando na rede propostas e
até buscando recursos. Mas é pequena a importância que dão aos
internautas, a julgar pelo resultado de teste feito pela Folha.
No dia 15 de setembro, a reportagem perguntou como eleitor se
o candidato já havia mudado de
partido e quantas vezes via o item
"Fale comigo" ou semelhante.
Apenas 5 dos 23 candidatos consultados responderam em 48 horas. Dois mandaram resposta depois desse prazo e 16 ignoraram a
consulta. O teste envolveu os três
principais aspirantes às prefeituras das dez capitais mais populosas.
O silêncio dos candidatos surpreendeu Rosângela Giembinsky,
48, da ONG Voto Consciente. "É
ainda mais preocupante que não
respondam em momento de
campanha, porque depois vai ser
pior." Mas ela ressalva que "não
se tem o hábito de responder porque poucas pessoas cobram".
"Grande falha"
O professor Carlos Bottesi, 52,
do Laboratório de Media e Tecnologias da Comunicação da Unicamp classificou como "uma
grande falha" deixar o eleitor internauta sem resposta.
"O problema é que se faz site
porque é bonitinho, e não porque
é uma mídia para divulgar o programa de governo ou o candidato", afirmou. Bottesi, que visita sites por razões profissionais e também usou a internet para conhecer melhor os candidatos de sua
cidade, Campinas, diz que encontrou plano de governo apenas no
site de um dos candidatos.
"A internet é uma faca de dois
gumes. Se o site não for bem utilizado, acaba virando contra o candidato." Ele disse que falta conhecimento a respeito das possibilidades do meio para uso na campanha eleitoral. "Hoje, é como se
entregassem um santinho para
você. Mas vai melhorar."
O chefe do Departamento de
Relações Públicas, Propaganda e
Turismo da ECA/USP, professor
Ivan Santo Barbosa, 53, também
acredita em uma melhora no futuro, mas credita o desempenho
decepcionante de interatividade à
proximidade com as eleições, que
leva os assessores a reforçar a estratégia do corpo-a-corpo. Barbosa também aponta "falta de cultura política em relação ao suporte".
Alfabetização digital
"O político tradicional não está
alfabetizado digitalmente." Assim, na opinião do professor, são
os assessores que devem pensar
em uma estratégia, como uma
equipe para responder os e-mails,
mas devem tomar o cuidado de
não querer filtrar todas as mensagens para que ele seja eficiente.
No imaginário político, afirma
Barbosa, o eleitor que busca informação pela internet é o de classe
alta e mais politizado, que estaria
entre os 30% dos que são fiéis a alguma ideologia. O restante, diz
ele, é influenciado por fatores como aparência e comportamento
superficial do candidato.
Não são apenas políticos e assessores que derrapam no uso da
rede. Barbosa também indica que
"não caiu a ficha direito para os
marqueteiros" sobre as possibilidades on-line. Ele também ressalta que parte do telemarketing político poderia migrar para a internet, até por uma questão de custo.
Sobre o uso eleitoral futuro dessa mídia, Bottesi coloca que um
melhor aproveitamento é necessário para aprimorar conhecimentos e aproveitar melhor a
chegada da TV digital, cuja previsão de implementação no Brasil é
em 2009.
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