São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2000

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COMÉRCIO ELETRÔNICO
Para ter sucesso em um projeto de e-commerce é preciso estudar o mercado e descobrir em que segmentos ainda há espaço; na hora de escolher a tecnologia, não podem faltar servidores confiáveis
Plano de negócios é essencial

GIEDRE MOURA
FREE-LANCE PARA FOLHA

Montar um negócio e começar a vender pela Internet não é mais sinônimo de sucesso instantâneo. Os investimentos estão cada vez mais escassos, e os investidores, mais exigentes.
Mas as consultorias especializadas em tecnologia ouvidas pela Folha -Andersen Consulting, Ernst & Young e PricewaterhouseCoopers- afirmam que, com uma idéia original e bem estruturada, é possível disputar uma fatia do setor de comércio eletrônico.
Segundo uma pesquisa da Value Partners, até o fim do ano, o Brasil movimentará US$ 500 milhões. Em 2003, a cifra deve chegar a US$ 3,2 bilhões. Hoje, 1,7 milhão de internautas brasileiros faz algum tipo de transação on line, dizem os autores do estudo.
Uma empresa que queira fazer comércio eletrônico tem três alternativas. A primeira, chamada de B2C ("business to consumer"), é vender diretamente para o consumidor. A segunda é fazer transações apenas com outras empresas, operação apelidada de B2B ("business to business"). A terceira é integrar as duas primeiras, atuando de forma mista.
Qualquer que seja a opção, o primeiro passo é determinar o perfil do negócio, para escolher o tipo de tecnologia a ser usado.
É possível investir em um sistema completo ou terceirizar o serviço. Se a opção for terceirizar, dá para alugar soluções prontas ou incluir a empresa em um portal de comércio eletrônico, o chamado shopping virtual.
"O mercado oferece opções de configurações reduzidas para aplicações simplificadas. Se a transação for mais parruda, precisará de uma série de outras tecnologias complementares. Quanto mais exigente, maior o custo", afirma Wilson Cruz, gerente de soluções e tecnologias de e-business da IBM.
Grandes empresas, como bancos e companhias de telecomunicações, geralmente já possuem uma grande estrutura de tecnologia e um número elevado de clientes. Por isso, costumam contratar soluções internas de hardware e de hospedagem e terceirizar a confecção do site.
"Um projeto de "e-learning", por exemplo, que requer muita estrutura tecnológica para manter no ar cursos virtuais e precisa de grandes mecanismos de controle, pode custar mais de R$ 500 mil", diz Daniela Pessoa, diretora de atendimento da MLab, empresa de soluções para comércio eletrônico e Internet.
Empresas médias, em vez de comprar servidores e microcomputadores, licenciar softwares e contratar uma equipe especializada para o desenvolvimento e monitoramento do site e dos aplicativos de segurança, costumam optar por pagar uma mensalidade e alugar uma solução completa.
"Quem vende remédios quer saber de remédios, não aprender de uma hora para outra tudo sobre tecnologia de comércio eletrônico. Geralmente, há um custo inicial de R$ 30 mil a R$ 50 mil, no caso de um projeto customizado simples, e mensalidades de R$ 2.000", afima Cruz, da IBM.
A mensalidade geralmente inclui o serviço de hospedagem, o aluguel de hardware e softwares e manutenção do site. Se a personalização for reduzida, e ferramentas como integração direta com empresas de cartão de crédito forem excluídas, é possível baixar o custo de confecção da loja virtual.
A terceirização dos serviços de tecnologia é apontada pelo sócio-diretor da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers, Sérgio Lozinsky, como uma solução segura, que garante aumento de produtividade. "É melhor terceirizar. Se a empresa não cumprir o contrato, você pode trocar de fornecedor. É mais fácil do que buscar profissionais experientes, tão escassos no segmento de tecnologia brasileiro", diz.
Segundo Lozinsky, é preciso ter em mente que será necessário trabalhar com parcerias. "Há parceiros de todos os tipos, desde os fornecedores de tecnologia até a empresa que fará a entrega do produto na cadeia de logística".
Se, ao somar todos os custos, o projeto parecer excessivamente caro, existe outra alternativa.
Há shoppings que permitem, com alguns cliques e mensalidades que podem variar de R$ 100 a R$ 400, que qualquer pessoa crie sua própria loja virtual a partir de modelos pré-existentes na rede. Alguns exemplos são os sites Miracula (www.miracula.com.br) e Lokau Shopping (www.lokau.com.br).
O usuário fica hospedado nos servidores dos shoppings e, para entregar as mercadorias, usa seu próprio sistema ou parcerias com empresas. "A idéia é permitir que qualquer lojista, até mesmo a vendedora de cosméticos, tenha o seu negócio virtual", diz Paulo Humberg, diretor do Lokau.
O Sebrae também possui um projeto para pequenos e médios empresários, o Via Sebrae (www.viasebrae.com.br), que atua nos segmentos de B2B e B2C.
O comerciante Marcelo Brait, que vende CDs e instrumentos musicais, entrou em um dos shoppings no semestre passado. "O que percebi é que a Internet pode ser uma vitrine. Mesmo que as vendas não sejam realizadas pelo site, mais pessoas ficam sabendo da minha loja e vêm até aqui comprar", diz.

Construção
O segundo passo é a construção do site. O mercado de tecnologia oferece uma série de aplicativos. O Site Server e o Biz Talk, da Microsoft, assim como o WebSphere, da IBM, são ferramentas projetadas especificamente para construir lojas virtuais.
Também há empresas que, sobre estas e outras plataformas, desenvolvem aplicativos segmentados. Um exemplo é o WBC Business Center, da Paradigma (www.pta.com.br). O aplicativo permite que uma loja virtual utilize a rede para comprar produtos de toda a sua cadeia de fornecedores e, ao mesmo tempo, personalize a página para os seus consumidores finais.

Segurança
Segurança também é um item fundamental. Qualquer loja precisa ter um selo de certificação dado por empresas como a VeriSign ou a CertiSign. Assim, tudo o que o internauta digitar será protegido por meio da criptografia dos dados e de chaves de segurança.



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