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ADMINISTRAÇÃO
Se bem escolhidos, softwares de gestão ajudam a melhorar desempenho das empresas; corte de custos, diminuição de desperdícios e redesenho de atividades são apenas alguns dos benefícios alcançados
Programas racionalizam tempo
ALEXANDRE VERSIGNASSI
DA REPORTAGEM LOCAL
Economia de tempo e dinheiro
é o que programas de gerenciamento prometem às empresas. Se
forem bem escolhidos e corretamente administrados, isso pode
acontecer mesmo.
Informatizar um negócio é algo
que vai muito além de comprar
computadores de última geração
para a empresa.
Hoje, qualquer sistema informatizado começa pelas estruturas
de rede. São elas que dão a base
para que todos os dados de uma
empresa possam ser acessados e
controlados a partir de vários micros de uma só vez.
Essas redes funcionam com o
padrão cliente-servidor. Ou seja:
uma única base, o servidor, concentra os dados que podem ser
acessados pelos computadores.
Com uma estrutura assim, é
possível instalar softwares de gestão, que auxiliam no gerenciamento. Também conhecidos como programas de ERP (sigla em
inglês para planejamento de recursos empresariais), eles permitem o intercâmbio instantâneo de
informações entre todos os setores de uma empresa.
"Quando um pedido é feito a
um fornecedor, ele já entra no sistema como uma obrigação de pagamento, e, quando o produto
chega ao cliente, já vira uma conta
a ser recebida", afirma Plínio
Quatroni, diretor da desenvolvedora de programas para ERP Via
Network.
Dessa maneira, um funcionário
da área de contabilidade pode
acessar a seção de contas a pagar
do programa e ver uma informação que foi deixada por outro funcionário, só que na seção pedidos,
por exemplo. E quem faz esse redirecionamento automático é o
software, já que ele usa uma única
base de dados. Como essa base fica em um servidor central, todos
os funcionários acabam tendo
acesso às mesmas informações
sem que precisem fazer relatórios
uns para os outros.
"Se um vendedor fecha um negócio, o setor de produção ficará
sabendo na mesma hora", diz
Valdecir Altacho, gerente da empresa SAP, que também faz esse
tipo de programa
Geralmente, a interface desses
softwares traz um ícone para cada
um dos setores da empresa, que
se dividem em subdiretórios. No
caso de uma gráfica, por exemplo,
um dos ícones principais pode ser
relativo ao diretório "estoque",
enquanto "papel" e "tinta" seriam
subdiretórios.
Segundo responsáveis por empresas que adotaram softwares de
gestão, um sistema informatizado
pode significar cortes de despesas
imediatos.
"Pude reduzir em 50% o número de funcionários, tanto internos
como terceirizados", diz Arthur
Quelhas, gerente da Ticona, empresa fabricante de plásticos que
passou a utilizar um programa de
ERP. "Economizamos de R$ 15
mil a R$ 20 mil por mês", declara
Quelhas.
Para Sandro Zanussi, gerente da
corretora Safic, a economia de
tempo foi mais importante que a
de dinheiro. "O impacto maior
não é nem no corte de salários,
mas no ganho gerencial. Mesmo
se o software de gestão aumentasse os gastos gerais da empresa, valeria a pena", afirma.
A corretora, que opera investimentos na Bolsa de Valores de
São Paulo, passou a fazer em dez
dias tarefas que consumiam um
mês inteiro.
"Tinha quatro funcionários para cuidar do centro de custos da
empresa, que controla todos os
nossos gastos. Depois de adotar o
software, passei a usar só dois. E
eles fazem o serviço em um terço
do tempo que era necessário antes", diz Zanussi.
Software
Um dos componentes que podem fazer parte de um software
de gestão é o CRM (sigla em inglês
para gerenciamento de relações
com o cliente). Se o ERP se ocupa
de aglutinar os setores de uma
empresa, o CRM serve para integrá-la à sua clientela.
Esse tipo de software é feito para
facilitar o acesso aos dados de todos os clientes. Dependendo de
como a empresa configurá-lo, ele
pode guardar desde as datas de
aniversário até os limites de crédito de cada um de seus clientes. E
essas informações podem ser vistas tanto por um funcionário de
telemarketing, na hora em que ele
atende algum desses consumidores, como por gerentes que precisem definir qual o perfil dos clientes de suas empresas.
Consumidor
A redução de custos nas empresas não repousa apenas sobre as
soluções de tecnologia da informação, mas também na revisão
total dos processos empresariais.
Um exemplo da aplicação de
uma nova filosofia de negócios
para a redução de custos é o ECR
(resposta eficiente ao consumidor, na sigla em inglês).
A filosofia ECR nasceu em 1992,
nos EUA. Seu objetivo era formar
uma aliança estratégica entre indústria e varejo para eliminar custos excedentes da cadeia de abastecimento -uma mudança que leva à redução de preços também
para o consumidor final.
O modelo norte-americano foi
importado em 1997 pela Associação ECR Brasil, composta por cerca de 130 empresas de grande porte -como Sadia, Perdigão, 3M e
Pão de Açúcar.
"Porém, nem todos os que utilizam os princípios do ECR em
seus negócios são associados da
ECR Brasil, como é o caso do hipermercado Carrefour e do Wal-Mart", diz Claudio Czapski, presidente da entidade.
Até hoje, a utilização do ECR já
permitiu uma economia de US$
1,5 bilhão na cadeia nacional de
abastecimento. "Tomando por
base um mercado de US$ 46,5 bilhões, o potencial de redução de
custos no país é de US$ 4,5 bilhões", afirma Czapski.
Para alcançar essa redução, o
ECR utiliza uma série de conceitos e ferramentas. Expedientes
que podem ser tanto teóricos, como o treinamento de profissionais, quanto práticos, como fazer
a reposição eficiente de mercadorias nas gôndolas.
Os mais importantes em termos
de tecnologia são o comércio eletrônico, a revisão dos processos
financeiros e a padronização.
A introdução do comércio eletrônico visa cortar gordura das
empresas por meio do intercâmbio eletrônico de dados. "Usamos
plataformas comuns e estamos
desenvolvendo uma linguagem
que possibilitará a inclusão de pequenas empresas", diz Czapski.
A revisão dos processos financeiros agiliza as relações entre empresas, indústrias e bancos.
A padronização, por sua vez,
compreende desde a altura das
docas até mudanças de embalagem e introdução de códigos de
barras, e aumenta a produtividade da cadeia logística.
Colaborou Guilherme Werneck, da Reportagem Local
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