São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

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INTERNET

Criador do BitTorrent, software mais usado para trocar vídeos, diz que não almejava estimular a pirataria on-line

Programa de troca de arquivos perturba Hollywood

ALEX VEIGA
DA ASSOCIATED PRESS

Bram Cohen não se esforçou para perturbar os estúdios de filmes de Hollywood. Mas seu inovador software de troca de arquivos on-line, o BitTorrent (bit torrent.com), transformou-se em um problema de pirataria que a indústria cinematográfica está se esforçando para controlar.
Como o nome sugere, o software permite que usuários de computador compartilhem grandes pedaços de dados. Mas, diferentemente de outros programas de compartilhamento, quanto mais as pessoas trocam dados no BitTorrent, mais rápido eles fluem - e isso favorece arquivos grandes, como filmes e jogos.
Devido à velocidade e à eficiência, o BitTorrent ganhou cada vez mais popularidade depois que a indústria fonográfica, no ano passado, começou a processar os usuários do Kazaa, do Morpheus, do Grokster e de outros programas de compartilhamento de arquivos já bastante difundidos.
O BitTorrent, hoje, responde por cerca de metade das atividades de compartilhamento de arquivos on-line, diz Andrew Parker, diretor-chefe de tecnologia da empresa britânica CacheLogic, que monitora tráfego de dados.
"O BitTorrent é mais do que uma ameaça porque ele é, provavelmente, a mais recente e melhor ferramenta tecnológica para transferência de arquivos grandes, como filmes", afirma John Malcolm, vice-presidente de operações antipirataria da Motion Picture Association of America (Associação de Cinema dos Estados Unidos). "Ele é raro, talvez único, porque, no momento em que você inicia o download, você também está fazendo envio de dados", acrescenta. "É isso que o torna tão eficiente."
Cohen criou o BitTorrent, em 2001, como um passatempo, depois que a quebradeira das empresas de internet o deixou desempregado. Ele diz que o objetivo era possibilitar que os usuários de computador distribuíssem conteúdo on-line com facilidade - não especificamente conteúdo protegido por direitos autorais.
"Parece estar bastante claro que muita gente está ativamente interessada em se engajar na pirataria imoral", disse Cohen, 29, em Bellevue, Washington.
"Eu acho que eles só estão trocando bits [unidades de informação digital], e eu realmente não me preocupo com que bits eles estão trocando. Não há muito que eu possa fazer a respeito."
O BitTorrent provou ser resistente a algumas das contramedidas que a indústria de entretenimento tomou para sabotar o compartilhamento de dados, incluindo um processo conhecido como "filespoofing", em que versões incompletas ou forjadas de canções ou outros materiais são transferidos para desencorajar a pirataria.
"O "spoofing" é muito difícil no BitTorrent", disse Mark Ishikawa, diretor da empresa de rastreamento on-line BayTSP. "Não existe defesa contra ele."

Avanço
Programas como o Kazaa e o Morpheus permitem que os usuários conectem seus PCs a redes de computadores e, então, perguntem a um mecanismo de busca sobre o arquivo ou o título que eles estão procurando. O software, então, produz uma enorme lista de outros computadores que compartilham o arquivo.
O processo é simples e direto, o que torna relativamente fácil inserir arquivos fraudados na rede.
Com o BitTorrent, contudo, os usuários não encontram arquivos completos. O soft se alimenta de torrent files, também conhecidos como seed files (arquivos-semente, que são o ponto inicial para o download), que são hospedados por um grupo de sites da internet.
Os torrent files não são músicas ou filmes em si -apenas servem como marcadores, que indicam o caminho para outros usuários que compartilham um determinado arquivo. O BitTorrent, então, se encarrega de reconstruir os arquivos completos.

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