São Paulo, quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

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Sala de aula do futuro está em lugar nenhum

JOSEPH BERGER
DO "NEW YORK TIMES"

A aula dos cursos superiores do futuro acontece na sala de Janet Duck, em Hershey (Pensilvânia, EUA). Não há quadro-negro, apoios para livro e nem, o que é mais surpreendente, alunos. Duck dá aulas no programa de mestrado em administração da Universidade Estadual da Pensilvânia vestindo calça jeans e chinelos, sentada à mesa de sua sala de jantar.
Nesse ambiente, ela digita em um laptop e coloca na internet material de aula, material de leitura e perguntas para seus cursos de gerenciamento de recursos humanos. O software para salas de aula virtuais permite que seus 54 alunos registrem-se de quase todos os lugares do mundo, a qualquer momento, e que publiquem respostas surpreendentemente longas, criando o equivalente a um blog do curso.
Esses estudantes, a maior parte deles gerentes e profissionais na casa dos 30 anos que tentam melhorar seu currículo, não podem estar ao lado da professora na universidade em um horário fixo. Uma aluna é piloto da Força Aérea dos EUA e realiza missões no Afeganistão; outros alunos estavam em Tóquio, Atenas, São Paulo e Copenhague.
Duck tampouco poderia comparecer regularmente à universidade, por causa principalmente de seus três filhos. Ainda assim, ela e outros docentes ajudarão os estudantes a obterem seus MBAs em agosto próximo por um custo total de US$ 52 mil, e isso sem que os professores ou os alunos pisassem quase nenhuma vez em uma sala de aula tradicional.

Novo mundo
Quase 3,5 milhões de graduandos e pós-graduandos, o equivalente a um quinto do total, cursaram ao menos uma matéria on-line no último semestre nos EUA, o dobro do número verificado cinco anos antes, revelou uma pesquisa realizada em 2.500 campi e publicada no fim do ano passado.
As seletivas faculdades particulares com cursos de quatro anos quase não embarcaram nessa onda, oferecendo, ao menos nesta temporada, cursos on-line para estudantes do exterior ou complementar a carga horária de alunos que precisam se formar.
Mas certas instituições abriram os olhos para a novidade; a Columbia, por exemplo, oferece há vários anos cursos on-line de mestrado em algumas áreas de engenharia. De toda forma, a expansão desse tipo de aula ocorre principalmente nas faculdades menores, nos programas de formação profissional para áreas como administração e pedagogia, nas escolas especializadas em formação on-line, como a Universidade de Phoenix. e nas universidades públicas, como as da Pensilvânia e de Illinois, que se sentem obrigadas a acomodar uma gama variada de alunos.
Esses números, segundo se prevê, devem aumentar porque o Congresso dos EUA cancelou, no ano passado, a exigência de que as faculdades ofereçam seus cursos em campi de verdade a fim de poderem receber verba do governo federal.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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