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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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TECNOECONOMIA

Empresas tradicionais e iniciantes redirecionam esforços para conquistar mercado de aparelhos portáteis

Computação sem fio é novo pólo de inovação

STEVE LOHR
DO "THE NEW YORK TIMES"

Eric Engstrom passou sete anos lucrativos e estimulantes na Microsoft. Ele trabalhou em grandes projetos, criou uma reputação e até testemunhou em defesa da empresa em seu processo federal por abuso de monopólio.
Mas, em 2000, Engstrom abandonou a Microsoft e a indústria de PCs, que pareciam ter atingido a maturidade e se acomodado. Fundou uma empresa e se dedicou a procurar inovação e riqueza em outros lugares.
"As oportunidades estão sempre na vanguarda, e a vanguarda do desenvolvimento de software no momento certamente é a telefonia sem fio", disse Engstrom, 38, executivo-chefe da Wildseed, uma empresa jovem instalada em Kirkland, Washington.
Engstrom personifica a migração do talento, da animação e do investimento no ramo da computação, em direção ao setor da comunicação sem fio, em um momento em que os celulares se tornam mais parecidos com computadores e os computadores de mão se tornam telefones.
Para os veteranos de ciclos tecnológicos passados, o mundo da comunicação sem fio hoje se assemelha ao dos computadores pessoais no final dos anos 70 ou ao da internet no começo dos 90.
"As coisas começam a acontecer, a animação voltou", observou Esther Dyson, que organizou o PC Forum, uma reunião anual de executivos de tecnologia, empresários e especialistas em capital para empreendimentos, realizada no mês passado em Scottsdale, no Arizona. O primeiro PC Forum foi realizado em 1977. Mas agora a sigla não quer mais dizer "personal computer", e sim "plataformas de comunicação".
A situação econômica do setor de comunicação sem fio continua incerta e os padrões tecnológicos ainda não estão definidos. Tampouco o avanço da computação sem fio significa o fim do computador pessoal, da mesma maneira que a ascensão do computador pessoal não trouxe o fim dos mainframes -computadores de grande porte. Mas, à medida que a tecnologia da comunicação sem fio e a computação se combinam, o centro de gravidade da tecnologia digital claramente se altera.
"As pessoas vêem o computador como coisa do passado e estão procurando novas plataformas tecnológicas sobre as quais possam construir os seus negócios", disse Brad Silverberg, ex-executivo sênior da Microsoft, que deixou a empresa três anos atrás e fundou a Ignition, uma empresa que investe em tecnologia de comunicação sem fio e financia a empresa de Engstrom.
A convergência de telefones e computadores sem fio é possibilitada pelo progresso constante da produção de chips e de placas de memória. Os celulares avançados atuais têm poder de computação comparável ao de uma máquina de mesa da metade da década de 90.

Evolução
Embora a tendência dos avanços tecnológicos seja clara, pouca coisa mais é aparente. Se empresas, produtos, serviços e padrões tecnológicos serão líderes no terreno da comunicação sem fio ainda é uma incógnita. Isso se deve ao fato de que a verdadeira competição mal começou.
Mais de 450 milhões de celulares serão vendidos em todo o mundo neste ano, predizem analistas do setor. Porém menos de 10% deles serão híbridos de telefones e computadores -conhecidos como telefones inteligentes, esses aparelhos são capazes de receber e enviar e-mails, exibir fotos e vídeos, tocar música, executar jogos com recursos gráficos sofisticados e navegar na rede.
"Os telefones portáteis inteligentes são a fronteira, mas estamos apenas chegando ao ponto em que eles começam a ser amplamente distribuídos", disse Berge Ayzavian, presidente da empresa de pesquisa Yankee Group.
O setor de computação sem fio hoje se assemelha ao de computadores pessoais de 25 anos atrás: pessoas animadas com as oportunidades, padrões tecnológicos ainda não estabelecidos, empresas iniciantes e falindo também em grande número em meio às dificuldades econômicas.
"A semelhança é assombrosa, de muitas maneiras", disse David Nagel, ex-executivo da Apple Computer e agora executivo-chefe da PalmSource, cujo sistema operacional Palm OS é usado em alguns telefones inteligentes. "Mas a nova era da computação é muito mais complicada."


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