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Usuários dizem que também compram CDs
COLUNISTA DA FOLHA
A ação da união das grandes
gravadoras americanas está provocando uma reação do mesmo
tamanho, que une do lado dos
usuários gente como pais, avós,
estudantes, colégios, universidades, bandas independentes, pequenas gravadoras e Michael
Jackson.
"Não tenho palavras para comentar essa idéia de pôr fãs de
música na cadeia por fazer down-
load. Aqui na América, sempre
usamos a adversidade para criarmos novos caminhos. Deveríamos partir para novas tecnologias, não para leis punitivas",
apontou Jackson.
O grande problema da indústria
americana de entretenimento é lidar com o que já está sendo chamado por exagerados como "o
fim da música".
A venda de CDs experimentou
uma queda absurda nos últimos
dois anos (100 milhões de unidades a menos), não se criam mais
popstars como no passado, os
preços dos discos estão muito altos para tempos de crise e o hábito
do download explodiu. E este último motivo foi escolhido para pagar a conta.
A nova-iorquina Laura ("sem
sobrenomes, por favor"), 22, que
tem um interessante blog sobre
música pop (www.themodernage.org), considera-se um provável próximo alvo da Riaa, embora
declare que nem baixa tanta música da internet assim.
"Costumava baixar muitas músicas da rede quando estava no
colégio, mais para tentar descobrir qual era meu gosto musical.
Das bandas que eu gostava, ia lá e
comprava o CD. E mostro essas
canções para outras pessoas. E todo mundo vira fã, compra disco,
vai atrás de ingressos para shows
dessa banda. E os artistas e gravadoras acabam ganhando dinheiro
com isso, não? Vivemos na era da
informação e somos criminosos
por isso?", argumenta.
A falta de uma indústria musical sólida no Brasil impede usuários como o jovem Eduardo Palandi, 21, de terem medo de praticar o download gratuito de músicas. "Comecei a fazer download
em 2000, com o Napster. Minha
intenção, desde o começo, foi conhecer os CDs de artistas de quem
ouvia falar, mas que não tinha
disco lançado no Brasil. Esses discos importados chegam a custar
aqui R$ 70", afirma Palandi, que
diz baixar 40 novas canções por
semana, em média.
"Não tenho medo de ser pego
pela indústria fonográfica. Primeiro, porque é virtualmente impossível que se mapeiem todos os
indivíduos que façam o mesmo
que eu. Segundo, porque novas
tecnologias surgirão e isso é algo
com o qual a indústria deve
aprender a conviver, em vez de
exterminar. É o mesmo caso dos
videocassetes, que não acabaram
com os cinemas. E em terceiro lugar, porque durmo tranquilo, sabendo que não cometi crime nenhum. Sempre compro os CDs
dos artistas de que gosto (muitos
foram conhecidos via MP3), já
que nada substitui o gosto de ter
um disco original. De 2000 para
cá, quando comecei a baixar músicas, minha coleção de CDs saltou de uns 150 para mais de 400
CDs."
(LÚCIO RIBEIRO)
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