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São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 2003

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Usuários dizem que também compram CDs

COLUNISTA DA FOLHA

A ação da união das grandes gravadoras americanas está provocando uma reação do mesmo tamanho, que une do lado dos usuários gente como pais, avós, estudantes, colégios, universidades, bandas independentes, pequenas gravadoras e Michael Jackson.
"Não tenho palavras para comentar essa idéia de pôr fãs de música na cadeia por fazer down- load. Aqui na América, sempre usamos a adversidade para criarmos novos caminhos. Deveríamos partir para novas tecnologias, não para leis punitivas", apontou Jackson.
O grande problema da indústria americana de entretenimento é lidar com o que já está sendo chamado por exagerados como "o fim da música".
A venda de CDs experimentou uma queda absurda nos últimos dois anos (100 milhões de unidades a menos), não se criam mais popstars como no passado, os preços dos discos estão muito altos para tempos de crise e o hábito do download explodiu. E este último motivo foi escolhido para pagar a conta.
A nova-iorquina Laura ("sem sobrenomes, por favor"), 22, que tem um interessante blog sobre música pop (www.themodernage.org), considera-se um provável próximo alvo da Riaa, embora declare que nem baixa tanta música da internet assim.
"Costumava baixar muitas músicas da rede quando estava no colégio, mais para tentar descobrir qual era meu gosto musical. Das bandas que eu gostava, ia lá e comprava o CD. E mostro essas canções para outras pessoas. E todo mundo vira fã, compra disco, vai atrás de ingressos para shows dessa banda. E os artistas e gravadoras acabam ganhando dinheiro com isso, não? Vivemos na era da informação e somos criminosos por isso?", argumenta.
A falta de uma indústria musical sólida no Brasil impede usuários como o jovem Eduardo Palandi, 21, de terem medo de praticar o download gratuito de músicas. "Comecei a fazer download em 2000, com o Napster. Minha intenção, desde o começo, foi conhecer os CDs de artistas de quem ouvia falar, mas que não tinha disco lançado no Brasil. Esses discos importados chegam a custar aqui R$ 70", afirma Palandi, que diz baixar 40 novas canções por semana, em média.
"Não tenho medo de ser pego pela indústria fonográfica. Primeiro, porque é virtualmente impossível que se mapeiem todos os indivíduos que façam o mesmo que eu. Segundo, porque novas tecnologias surgirão e isso é algo com o qual a indústria deve aprender a conviver, em vez de exterminar. É o mesmo caso dos videocassetes, que não acabaram com os cinemas. E em terceiro lugar, porque durmo tranquilo, sabendo que não cometi crime nenhum. Sempre compro os CDs dos artistas de que gosto (muitos foram conhecidos via MP3), já que nada substitui o gosto de ter um disco original. De 2000 para cá, quando comecei a baixar músicas, minha coleção de CDs saltou de uns 150 para mais de 400 CDs." (LÚCIO RIBEIRO)


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