São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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portáteis

Na prancheta

Após rumores sobre lançamento da Apple, computadores do tipo tablet viraram alvo das atenções; viabilidade do dispositivo divide opiniões

AMANDA DEMETRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os comentários em torno dos tablets -computadores com formato de prancheta com tela sensível ao toque- cresceram depois que o "Financial Times" publicou que a Apple estaria preparando um aparelho desses para setembro.
O mês já está no fim e nada de lançamento da Apple, mas parece que outras fabricantes ficaram espertas. Será que a onda veio para ficar ou a concorrência só queria se adiantar para não correr atrás do prejuízo?
Sem relação declarada com os rumores da Apple, HP, Toshiba e a francesa Archos anunciaram seus lançamentos -e comentários surgiram sobre um possível aparelho da Microsoft. Isso sem esquecer dos notebooks com funções de tablet, que já existem há alguns anos, e do Nokia N900, pequeno internet tablet que também funciona como telefone da empresa.
Mas, para o professor Fernando Meirelles, da FGV (Fundação Getulio Vargas), a sensibilidade ao toque na tela ainda não decolou nos computadores. "Se alguém pode fazer isso, é a Apple, pelo sucesso do touchscreen da marca", diz. Ele avalia que "é um paradoxo, porque a tecnologia está em alta nos portáteis, mas simplesmente não decolou em alguns dispositivos".
Já Daniel Gatti, coordenador do curso de ciências da computação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, pensa que o tablet é um "caminho natural". Mas Gatti não arrisca dizer que o sistema de toque na tela substitua o mouse e o teclado ao usuário final.
Os professores concordam, porém, que o preço é uma das barreiras para a consolidação da tecnologia.
Eric Messa, professor de novas tecnologias da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), acha que a onda é mais um "modismo" lançado pelo mercado para vender novos equipamentos.
"A tecnologia já existe faz tempo, agora o mercado resolveu investir e popularizar". Para ele, as pessoas ainda precisam se adaptar a uma nova cultura digital, até que o tablet possa ser assimilado no dia a dia. "Acredito que o computador tablet seja um aparelho de transição", aponta.
Outra dúvida quanto à viabilidade dos produtos é quem compraria mais um computador, só que no formato tablet -além dos aficionados por tecnologia, claro. Os vários professores consultados pela Folha apontaram grupos segmentados, mas ninguém arriscou falar em adesão geral.
Gatti, da PUC, disse que os que lidam com educação são um possível público. "Eu poderia desenhar no tablet e já projetar para os alunos", explica. Ele também coloca artistas, engenheiros e arquitetos como compradores em potencial.
A Dell, que produz notebooks com telas que viram pranchetas, defende o formato que fabrica. "Acreditamos que o produto veio para ficar; os tablets vêm para preencher um espaço que não é coberto por um laptop tradicional, quando o usuário precisa de agilidade para escrever textos eletrônicos sem precisar do teclado convencional, operar programas específicos e criar apresentações interativas", segundo Diego Santone, gerente de marketing de produto da empresa. Mas a Dell aponta apenas públicos corporativos quando fala de possíveis compradores.

Tegra
A Nvidia está preparando o que pode ser o chip dos próximos tablets, o Tegra, segundo o "New York Times". O chip está sendo usado no Zune HD.

Das antigas
O tablet surgiu no início da década de 1990. Em 1993, a Apple lançou o seu Newton, um PDA com tela sensível ao toque (bit.ly/anewton).


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