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Viciados varam a noite jogando em rede
HELOISA HELENA LUPINACCI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"Você só percebe que está viciado quando fala sobre algo que
aconteceu no jogo com a mesma
empolgação com que falaria sobre uma nova namorada."
É assim que Manuel (o nome
dos entrevistados foi alterado a
pedido deles), 25, define o viciado
em jogos de computador.
"Counter Strike é o preferido.
Olhe à sua volta. De cada seis
computadores, cinco estão rodando o Counter." Olhar em volta
quer dizer observar as dezenas de
computadores da Monkey Paulista, uma LAN house -loja com
micros ligados em rede com conexão de alta velocidade.
O que se vê no espaço bem iluminado são meninos de dez anos
jogando com homens de 40. Às
18h, vieram da escola, do trabalho, ou estão ali há horas.
"Aqueles que estão descobrindo
os jogos tendem a se viciar. Querem ficar bons", diz Tiago, 22, que
gasta cerca de R$ 200 por mês em
LAN houses. Ele joga no almoço,
no intervalo entre o trabalho e a
faculdade, depois da faculdade e
nos fins de semana: "Sábado [dia
27] eu vou fazer corujão [sessão
que vai das 23h às 6h], tomar café,
votar e dormir o dia todo".
Ele diz que, quando o jogador já
está bom, e a sensação de descoberta acaba, sobra o hábito: "É como cigarro. Você terminou com a
namorada, pensa nela, aí fuma
um cigarro ou joga Counter".
Tomás, 26, emenda: "Então você tem que lutar contra o vício,
resgatar os amigos". Tomás é experiente no assunto, chegou a jogar 18 horas seguidas e percebeu
que estava viciado. Hoje, joga depois do trabalho, "para relaxar".
Contraponto
No entanto, por mais você imagine adolescentes pálidos e prestes a virar os olhos, há uma convivência à parte dos micros nas
LAN houses. "Fiz muitos amigos
aqui. O pessoal pede pizza, toma
Coca e conversa no balcão."
Manuel aponta o lado negativo:
"meninos de 12 anos estão ficando obesos e corcundas".
A reportagem da Folha, que esteve no local às 18h de uma sexta,
voltou às 3h e, enquanto dezenas
de pessoas jogavam no térreo da
loja, um grupo ocupava o salão,
tomando refrigerante ou café.
Onde
Para se livrar do estigma de lugar inadequado, há casas com
áreas para descanso e promoções.
Por exemplo, a rede de lojas
Monkey oferece horas gratuitas a
alunos com boas notas. É a promoção Boletim Escolar. A média
de notas do aluno é calculada e ele
ganha horas de acordo com o resultado. Para saber os endereços
das lojas da rede, entre em www.monkey.com.br. Na unidade
Paulista (al. Santos, 1.217, Jardins,
tel. 0/xx/11/3253-8627), durante a
semana, depois das 17h, cada hora
custa R$ 3,50. Em finais de semana, R$ 4. Na WebZone (tel. 0/xx/
11/5535-2614, www.redplay.com.br), o preço é R$ 3. De sexta a domingo, cada hora custa R$ 3,50. A
Cyber Games (tel. 0/xx/11/3891-2526, www.cyberlan.com.br) cobra R$ 3,50 durante a semana e R$ 4 de sexta a domingo.
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