São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

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diversão

Indústria considera distribuir canções

BRAÇO A TORCER Em encontro na França, gravadoras anunciam projetos de oferta de música sem proteção contra cópias

Lionel Cironneau/Associated Press
Visitante ouve música em estande da Midem, feira realizada na semana passada em Cannes


VICTORIA SHANNON
DO "NEW YORK TIMES"

Enquanto nem mesmo as vendas de músicas digitais crescem o bastante, por conta da quantidade de arquivos trocados em redes de compartilhamento, os grandes selos musicais começam a perceber que o lançamento de canções sem proteção é uma via a ser considerada -um passo nunca antes tomado por essas empresas.
Executivos de várias companhias de tecnologia se encontraram, na semana passada, no Midem (www.midem.com), um encontro anual e global de negócios da indústria fonográfica realizado em Cannes, na França. Os participantes anunciaram que arquivos digitais em MP3 sem restrição poderão começar a ser vendidos em alguns meses.
A maioria dos selos independentes já vende músicas em MP3, que podem ser baixadas no computador, enviadas por e-mail e copiadas para outros computadores, celulares e tocadores ou gravadas em CDs.
Esses selos enxergam na oferta de MP3 uma maneira de gerar publicidade que pode conduzir a vendas futuras.
Para as grandes gravadoras, no entanto, vender músicas em MP3 seria um reconhecimento do poder da internet, que destruiu o controle que essas empresas tinham sobre a distribuição de música ao redor do mundo.

Insuficiência
Até o ano passado, a indústria estava contando com vendas on-line, lideradas pela iTunes Music Store, da Apple, para fazer a diferença. Mas, apesar de a taxa de comercialização de canções digitais em 2006 ter se mostrado 80% superior à de 2005, ela aumentou mais vagarosamente do que no ano anterior e não compensou a queda nas vendas de discos físicos.
Mesmo assim, segundo especialistas, a migração para o MP3 é inevitável. Publicamente, executivos da indústria fonográfica dizem que seus sistemas de limitação de cópias são um meio de compensar artistas e outros detentores de direitos autorais que contribuíram para a criação das músicas. Porém, em âmbito privado, há sinais de uma tendência à oferta irrestrita de cópias em sites que exibiriam anúncios.
A EMI disse que oferecerá músicas em streaming pelo Baidu.com, o maior site de buscas da China, país em que 90% das canções são pirateadas. Experimentos do Yahoo!, que no ano passado ofereceu canções de artistas como Norah Jones, Jessica Simpson e Jesse McCartney sem restrição, devem continuar neste ano, conforme afirmou no Midem David Goldberg, vice-presidente do Yahoo! Music.
A frustração dos consumidores europeus, e, principalmente, dos franceses, levou governantes a pensarem em propostas de legislação para a interoperabilidade. "Está havendo uma mudança de rumos", afirmou Rob Glaser, chefe executivo da RealNetworks, que vende música digital protegida pelo serviço de assinatura Rhapsody. "A transição deve acontecer em uns dois anos", afirmou.


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