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Apesar de entraves, mercado deve crescer
PERSPECTIVAS Fabricantes de consoles e produtoras de jogos creem em expansão das vendas, mas enfrentam problemas
THÉO AZEVEDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
População jovem e numerosa, estabilidade econômica, ascensão da classe média e uma
grande empatia por games estão entre os principais fatores
que colocam o Brasil como a
bola da vez no mercado internacional, ainda que o progresso
aconteça a passos lentos.
Para gigantes como Microsoft, Sony e Nintendo, os maiores obstáculos são a pirataria, a
alta carga tributária e a falta de
informações oficiais.
Por outro lado, nunca se jogou tanto on-line no Brasil: a
Level-Up, que comercializa
Ragnarök e Grand Chase, conta
com 1,2 milhão de jogadores
por mês, enquanto 700 mil já
experimentaram Cabal Online,
RPG da Gamemaxx.
Preços altos
Vida ingrata mesmo é a de
quem compra videogame e jogos no país: "Reduzir os preços
é fundamental para conquistar
mais consumidores no Brasil",
resume Mark Wentley, executivo da Nintendo para a América Latina. "Trata-se de um dos
nossos objetivos para o futuro e
de algo de que estamos cuidando de perto", completa.
Hoje, para exemplificar, o
Wii sai por R$ 1.000, enquanto
um jogo novo para o console
custa R$ 250; nos EUA, os valores são US$ 199 (cerca de R$
360) e US$ 49 (cerca de R$ 89),
respectivamente.
Tamanha discrepância de
preços, dizem as empresas, se
deve à alta carga tributária, que
chega a aumentar em 257% o
preço original.
Com isso, o espaço fica aberto para o contrabando: "Fica
complicado quando existe um
canal que se aproveita do marketing e canibaliza quem está
trabalhando de modo oficial,
pagando os impostos devidos",
queixa-se Milton Beck, diretor
da divisão da Microsoft responsável pelo Xbox 360.
"É difícil convencer o governo, pela falta de dados concretos e falta de mercado oficial, de
que a redução nos tributos poderia aumentar a arrecadação
total", diz André Penha, representante da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos).
Uma das poucas pesquisas
disponíveis, divulgada pela associação em 2008, registra que
o faturamento total do setor de
jogos girava em torno de R$
87,5 milhões no país.
Investimento
Mesmo assim, quem vai às
lojas encontra os consoles à
venda, com jogos e acessórios.
Em 2008, a Ubisoft abriu uma
filial para produzir jogos no
Brasil, enquanto as produtoras
Activision, Blizzard, Konami e
Take-Two também demonstram interesse em investir, trazendo seus jogos para o país.
As empresas, a princípio, terão que jogar com as cartas que
estão na mesa, já que, com exceção de um projeto, ainda em
tramitação, para incluir os games na Lei de Informática (veja
boxe), não há nada em Brasília
que aponte para uma redução
da carga tributária: "Existem
várias instâncias de discussão
-Brasília, para os impostos federais, mas principalmente os
Estados, para o ICMS. Em suma, qualquer conversa sobre
impostos no país envolve o
mesmo trabalho 28 vezes pelo
menos", diz Penha.
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