São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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segurança

Ciberdetetive investiga rastros digitais

PROFISSÃO DO SÉCULO 21 > Especialistas buscam segredos guardados em e-mails e tentam recuperar arquivos escondidos

POR BARBARA WHITAKER
DA ASSOCIATED PRESS

Após passar 31 anos fugindo da polícia, o "serial killer" BTK, de Wichita (EUA), foi encontrado e condenado em 2005 com a ajuda de informações deixadas em um disquete de computador. A condenação de Scott Peterson pelo assassinato da mulher dele, Laci, grávida à época, baseou-se parcialmente em uma pesquisa feita pelo criminoso na internet a respeito das marés e das correntes marítimas na área onde o corpo da vítima acabou aparecendo.
De casos notórios de assassinato a simples procedimentos de divórcio, as mensagens de e-mail que as pessoas enviam e os sites que freqüentam poderão ser e serão usados no tribunal.
As pessoas que desencavam esses dados e que os disponibilizam para o uso nas cortes ficaram conhecidos como peritos judiciais em computação. Eles são os ciberdetetives, investigadores do século 21: garimpam os dados aparentemente apagados, mas nunca de fato retirados dos computadores e de outros equipamentos eletrônicos de armazenagem.
Os peritos judiciais em computação analisam os discos rígidos e outras áreas de armazenamento, desentocando informações de planilhas, documentos do Word, mensagens instantâneas e e-mails. Procuram por indícios de adulteração ou de dados que os usuários tentaram apagar ou esconder.
Esse trabalho pode ser tanto recompensador quanto tedioso. Pode-se levar semanas ou meses para percorrer uma infinidade de arquivos e outros dados digitais, alguns dos quais podem estar criptografados.
O perito judicial em computação também precisa ser capaz de recuperar e armazenar essas informações de forma a não destruir ou alterar outros dados presentes no computador. De certa forma, é a reprodução, no mundo digital, do trabalho de rastreamento que, há 30 anos, seguia as trilhas de papel, levantando documentos e investigando arquivos físicos.
O aumento da demanda por peritos profissionais em computação propiciou o surgimento de cursos oficiais de formação e ainda um sem número de certificações e uma variedade de organizações profissionais. Os profissionais da área estimam que a média de salário para um perito judicial em computação gire em torno de US$ 85 mil ao ano (cerca de R$ 170 mil), a depender da experiência dele e de seu local de moradia.
Em início de carreira, a remuneração é de cerca de US$ 50 mil anuais.
Kris E. Turnbull, diretor do Cyber Crime Institute, um programa de especialização da Universidade Estadual Kennesaw, na Geórgia, afirmou que seus alunos tendiam a ter entre 30 a 50 anos de idade, com formação em tecnologia da internet. Alguns ocuparam antes vagas de emprego eliminadas das empresas, disse.
Há um grande número de certificados disponíveis, e a obtenção deles pode demandar tempo e centenas de dólares. Alguns certificados relacionam-se com o domínio sobre softwares como o EnCase e o AccessData, usados para garimpar os computadores em busca de informações.
Outros saem das mãos de organizações profissionais como a Sociedade Internacional de Peritos Judiciais em Computação, afiliada a uma empresa privada da Virgínia, a Key Computers Services, e à Rede de Crimes de Alta Tecnologia, um grupo de agências de segurança e de profissionais especializados na segurança de empresas.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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