São Paulo, quarta, 30 de dezembro de 1998

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Feitiçaria pode ser praticada on line

Reprodução
Stonehenge, na Inglaterra, é palco de lendas e segrado para feiticeiros


MARJORIE INGALL
do New York Times News Service

"É perfeitamente razoável imaginar que você seja capaz de praticar magia pela Internet", diz Kristin Spence, ex-editora da revista "Wired".
"A rede é apenas mais uma ferramenta. Em vez do caldeirão, você usa o teclado."
Orgulhosa, Spence se autodenomina uma bruxa da atualidade.
E ela não está sozinha.
Há listas de discussão, salas de bate-papo e muitas páginas de bruxaria ou feitiçaria -como preferem chamar os mais seriamente envolvidos com o assunto.
No Commons at the Witches' Web, há conferências on line.
Fica no endereço www.witchesweb.com/commons.html.
E há ferramenta de busca específica para assuntos de ocultismo, em www.avatarsearch.com.
De bruxaria à astrologia, a página traz, inclusive, ranking dos melhores sites da área.
Organizações como a Witches' League of Public Awareness (www.celticcrow.com) mantêm páginas dedicadas a esclarecer e a aprimorar a imagem das feiticeiras e feiticeiros na mídia.
Fritz Jung, webmaster e feiticeiro da Witches' Voice, em www.witchvox.com, uma espécie de central de informações sobre feitiçaria, diz que existem na Internet cerca de 2.000 páginas relacionadas com o tema.
Jung afirma que o Witches' Voice chega a receber 17 mil visitas por dia.
"Nós percebemos o potencial da mídia e da Internet a tempo de abraçá-lo da melhor maneira", diz Jung.
"Só que tínhamos uma necessidade mais forte de Internet -há muito tempo, as grandes e tradicionais religiões estabeleceram seu lugar na rede, mas nós estávamos muito fragmentados. A rede foi a melhor oportunidade para fazer essa união novamente."
Jung não vê contradição no fato de que uma religião baseada na terra -e na natureza em geral- cresce em ambiente tão artificial.
Também não vê problema no fato de que essa mesma fé, centrada na adoração a uma deusa, floresce em meio tecnológico tão predominantemente comandado por homens.

Alquimia e programação
Alguns feiticeiros, na verdade, acham que feitiçaria e computadores têm muito em comum.
"Programação é como alquimia", diz Kristin Spence.
"Para criar feitiço ou programa de computador, você segue o mesmo ritual: acha um jeito elegante de usar um sistema principal que terá de interagir em harmonia com outros sistemas, para obter os efeitos esperados."
Assim, a feitiçaria de hoje, inclusive on line, seria um jeito moderno de resgatar essa antiga crença pagã.
Mas Spence se considera extremamente purista para encarar com naturalidade a possibilidade de que quem aprende feitiçaria on line está mesmo indo fundo no assunto.
"Queria poder fazer com que as pessoas saíssem da frente do micro e ficassem em pé e descalças na praia. A feitiçaria é uma religião baseada na natureza, mas se a Internet é o catalisador que faz as pessoas se sentirem seguras e menos solitárias nas crenças, ótimo."
Francesca De Grandis, que escreveu "Be a Goddess! A Guide to Celtic Spells and Wisdom for Self-Healing, Prosperity and Great Sex" ("Seja uma Deusa! Um Guia para Feitiços Celtas e Sabedoria para Autocura, Prosperidade e Maravilhoso Sexo"), mantém um site cheio de rituais e feitiços.
Entre eles, um é para "livrar de encantamento excessivo por computador". O endereço é www.well.com/user/zthirdrd/WiccanMiscellany.html.
Carrye De Mers, que trabalha em uma editora de livros de matemática, usa a Internet para aprimorar sua prática espiritual.
"Já estudei introdução ao tarô, magia das velas, paganismo urbano e como mexer em um caldeirão mágico -próximo passo para aprender a controlar a vassoura."


Tradução de Viviane Zandonadi.



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