São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2001

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INVESTIMENTOS

Atendimento personalizado e rentabilidade maior são trunfos de algumas das pequenas instituições

Investidor busca instituições menores

DA REPORTAGEM LOCAL

Busca de maior rentabilidade e melhor atendimento. Basicamente são esses dois fatores que têm levado investidores dos grandes bancos de varejo a saírem à procura de outras instituições para cuidar do seu dinheiro.
O banco BMC, por exemplo, concentra sua equipe na gestão de apenas dois fundos, sendo um DI, que teve rentabilidade de 17,55% em 2000, e outro atrelado ao IRF-M, que foi aberto em janeiro deste ano. No total são 152 clientes nos dois fundos.
"O BMC é um banco médio e o projeto de desenvolver a parte de asset é recente", explica o diretor Bolivar Godinho Filho. Ele conta que a instituição, que tem nove filiais, está investindo em sistemas de controle de risco e em recursos humanos, além de parcerias com portais para ampliar o acesso ao varejo.
"Hoje, com o número de clientes que temos, conseguimos mandar e-mails com a cota diária para cada um, além deles terem acesso fácil ao gestor do fundo", diz.
O banco português Banif, há menos de dois anos atuando no Brasil, está de olho justamente nos clientes que não se contentam com o atendimento massificado oferecido pelos bancos de varejo, mas também não possuem capital suficiente para atrair a atenção das instituições de "private banking" tradicionais. "É um público que está órfão", diz João Amaral, diretor do banco.
Segundo ele, quando o Banif comprou o banco brasileiro Primus, em julho de 1999, a idéia inicial era atuar com clientes "private". "Mas verificamos que este mercado já estava saturado", diz.
Para estar mais próximo do pequeno investidor, em outubro, os valores mínimos para aplicação nos quatro fundos foram reduzidos de R$ 20 mil para R$ 1.000.
Como parte da sua estratégia de aproximação desses clientes, no início deste mês o Banif Primus comprou o site Econofinance. "Hoje ele é apenas um portal de informações financeiras, mas até abril vamos transformá-lo em um site pelo qual os clientes do banco poderão fazer aplicações", diz.

Fundo único
Na Claritas Investimentos, o cliente com pelo menos R$ 5.000 no bolso já tem acesso ao único fundo gerido pela instituição. "Concentramos nosso esforço na gestão desse produto", conta o sócio Marcelo Karvelis.
A empresa surgiu em janeiro de 1999, mas o fundo de derivativos só foi aberto em agosto do mesmo ano. Em 2000, o fundo rendeu 25,72%, mais que fundos semelhantes das grandes redes de varejo. "Nossa equipe, composta por quatro pessoas, diz aos clientes que o investimento deve ser de, no mínimo, seis meses", diz. Hoje, a instituição tem 170 cotistas.
O banco ABC Brasil, apesar de ser mais focado no investidor institucional, também vem dando mais atenção nos últimos anos ao cliente pessoa física. "Atendemos o cliente do "semi-varejo", que é aquele de médio porte", diz Wanderley Silva, diretor da asset.
Dos sete fundos abertos que o banco possui, cinco são de renda fixa, com aplicações iniciais de R$ 15 mil. Os outros dois, de renda variável, exigem aportes iniciais de R$ 5 mil. As taxas de administração são as mesmas para pessoas físicas e jurídicas.
Apesar de ser um banco desconhecido do grande público, José Moccia, diretor de "private banking" do ABC Brasil, diz que isso não chega a ser um inibidor para a conquista de novos clientes. "Com a queda da taxa de juros e a diminuição dos rendimentos, os investidores estão muito mais abertos à procura de melhores oportunidades para aplicar", diz.
Para Paulo Augusto de Souza, superintendente de fundos do Banco BVA, "muitas vezes um gerente de uma grande instituição recomenda uma determinada aplicação porque naquele mês ele tem metas de captação para cumprir", diz. Segundo ele, as instituições menores estão mais dispostas a analisar o perfil de risco do cliente. Entre os fundos DI, o BVA Fix Seguro teve a maior rentabilidade no ano passado, de 18,77%.
Outra instituição que, mesmo tendo uma única agência, nos últimos anos vem investindo pesado em pequenos clientes é o Banco Santos. Dos dez fundos abertos que possui, sete têm aportes mínimos entre R$ 1 mil e R$ 15 mil.
Segundo Rogério Mori, economista-chefe da Santos Asset Management, foi no início de 2000 que ficou claro para o banco o potencial dos investidores de pequeno porte. "Lançamos no início do ano o E-fund, fundo composto por ações de empresas ligadas à área de tecnologia. Em poucos dias, captamos mais de R$ 10 milhões para esse fundo apenas com pessoas físicas", diz.
A partir de então, o banco passou a reestruturar seu call center para poder atender um número maior de pessoas. "São universitários treinados para esclarecer dúvidas dos investidores, inclusive da estratégia que é traçada pelos gestores do fundo", diz Mori. Semanalmente, ele próprio realiza uma palestra sobre o cenário macroeconômico aos atendentes.
Mas atenção: em casos de instituições desse porte, a velha recomendação de olhar o histórico dos fundos e seu tempo de existência no mercado vale mais do que nunca (leia dicas no quadro ao lado). "As instituições que estão fora do rol dos grandes bancos e têm boa rentabilidade podem ter mais risco", diz Carlos Daniel Coradi, da EFC Consultoria.


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