|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIMENTOS
Atendimento personalizado e rentabilidade maior são trunfos de algumas das pequenas instituições
Investidor busca instituições menores
DA REPORTAGEM LOCAL
Busca de maior rentabilidade e
melhor atendimento. Basicamente são esses dois fatores que têm
levado investidores dos grandes
bancos de varejo a saírem à procura de outras instituições para
cuidar do seu dinheiro.
O banco BMC, por exemplo,
concentra sua equipe na gestão de
apenas dois fundos, sendo um DI,
que teve rentabilidade de 17,55%
em 2000, e outro atrelado ao IRF-M, que foi aberto em janeiro deste
ano. No total são 152 clientes nos
dois fundos.
"O BMC é um banco médio e o
projeto de desenvolver a parte de
asset é recente", explica o diretor
Bolivar Godinho Filho. Ele conta
que a instituição, que tem nove filiais, está investindo em sistemas
de controle de risco e em recursos
humanos, além de parcerias com
portais para ampliar o acesso ao
varejo.
"Hoje, com o número de clientes que temos, conseguimos mandar e-mails com a cota diária para
cada um, além deles terem acesso
fácil ao gestor do fundo", diz.
O banco português Banif, há
menos de dois anos atuando no
Brasil, está de olho justamente
nos clientes que não se contentam
com o atendimento massificado
oferecido pelos bancos de varejo,
mas também não possuem capital
suficiente para atrair a atenção
das instituições de "private banking" tradicionais. "É um público
que está órfão", diz João Amaral,
diretor do banco.
Segundo ele, quando o Banif
comprou o banco brasileiro Primus, em julho de 1999, a idéia inicial era atuar com clientes "private". "Mas verificamos que este
mercado já estava saturado", diz.
Para estar mais próximo do pequeno investidor, em outubro, os
valores mínimos para aplicação
nos quatro fundos foram reduzidos de R$ 20 mil para R$ 1.000.
Como parte da sua estratégia de
aproximação desses clientes, no
início deste mês o Banif Primus
comprou o site Econofinance.
"Hoje ele é apenas um portal de
informações financeiras, mas até
abril vamos transformá-lo em um
site pelo qual os clientes do banco
poderão fazer aplicações", diz.
Fundo único
Na Claritas Investimentos, o
cliente com pelo menos R$ 5.000
no bolso já tem acesso ao único
fundo gerido pela instituição.
"Concentramos nosso esforço na
gestão desse produto", conta o sócio Marcelo Karvelis.
A empresa surgiu em janeiro de
1999, mas o fundo de derivativos
só foi aberto em agosto do mesmo
ano. Em 2000, o fundo rendeu
25,72%, mais que fundos semelhantes das grandes redes de varejo. "Nossa equipe, composta por
quatro pessoas, diz aos clientes
que o investimento deve ser de,
no mínimo, seis meses", diz. Hoje, a instituição tem 170 cotistas.
O banco ABC Brasil, apesar de
ser mais focado no investidor institucional, também vem dando
mais atenção nos últimos anos ao
cliente pessoa física. "Atendemos
o cliente do "semi-varejo", que é
aquele de médio porte", diz Wanderley Silva, diretor da asset.
Dos sete fundos abertos que o
banco possui, cinco são de renda
fixa, com aplicações iniciais de R$
15 mil. Os outros dois, de renda
variável, exigem aportes iniciais
de R$ 5 mil. As taxas de administração são as mesmas para pessoas físicas e jurídicas.
Apesar de ser um banco desconhecido do grande público, José
Moccia, diretor de "private banking" do ABC Brasil, diz que isso
não chega a ser um inibidor para a
conquista de novos clientes.
"Com a queda da taxa de juros e a
diminuição dos rendimentos, os
investidores estão muito mais
abertos à procura de melhores
oportunidades para aplicar", diz.
Para Paulo Augusto de Souza,
superintendente de fundos do
Banco BVA, "muitas vezes um gerente de uma grande instituição
recomenda uma determinada
aplicação porque naquele mês ele
tem metas de captação para cumprir", diz. Segundo ele, as instituições menores estão mais dispostas a analisar o perfil de risco do
cliente. Entre os fundos DI, o BVA
Fix Seguro teve a maior rentabilidade no ano passado, de 18,77%.
Outra instituição que, mesmo
tendo uma única agência, nos últimos anos vem investindo pesado em pequenos clientes é o Banco Santos. Dos dez fundos abertos
que possui, sete têm aportes mínimos entre R$ 1 mil e R$ 15 mil.
Segundo Rogério Mori, economista-chefe da Santos Asset Management, foi no início de 2000
que ficou claro para o banco o potencial dos investidores de pequeno porte. "Lançamos no início do
ano o E-fund, fundo composto
por ações de empresas ligadas à
área de tecnologia. Em poucos
dias, captamos mais de R$ 10 milhões para esse fundo apenas com
pessoas físicas", diz.
A partir de então, o banco passou a reestruturar seu call center
para poder atender um número
maior de pessoas. "São universitários treinados para esclarecer
dúvidas dos investidores, inclusive da estratégia que é traçada pelos gestores do fundo", diz Mori.
Semanalmente, ele próprio realiza uma palestra sobre o cenário
macroeconômico aos atendentes.
Mas atenção: em casos de instituições desse porte, a velha recomendação de olhar o histórico
dos fundos e seu tempo de existência no mercado vale mais do
que nunca (leia dicas no quadro
ao lado). "As instituições que estão fora do rol dos grandes bancos
e têm boa rentabilidade podem
ter mais risco", diz Carlos Daniel
Coradi, da EFC Consultoria.
Texto Anterior: Bovespa promove seminário Próximo Texto: Clientes procuram alternativas Índice
|