São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2001

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Com a esperada redução nas taxas de juros, investidor desses fundos tende a enfrentar maior volatilidade
Líderes de renda fixa ganharam mais que fundos DI

Bel Pedrosa/Folha Imagem
Ana Novaes e sua equipe, na Pictet, que obteve maior rentabilidade entre os fundos de renda fixa


SILVANA MAUTONE
REPORTAGEM LOCAL

O investidor conservador que aceitou, no ano passado, correr um pouco mais de risco em busca de um rendimento maior encontrou nos fundos de renda fixa uma alternativa melhor do que os DI, desde que ele tenha sabido escolher.
A média dos dez fundos de renda fixa com melhor desempenho ficou em 18,40%, enquanto a dos DI foi de 17,44 %. Mas ao analisar o desempenho de todos os fundos avaliados, a rentabilidade média dos DI foi superior: 15,45 % contra 15,34 % dos de renda fixa.
A pesquisa do Laboratório de Finanças da USP deixa clara a relação rentabilidade versus risco. Enquanto os DI precisam manter 95% do seu patrimônio atrelado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), os de renda fixa podem aplicar livremente até 20% dos seus ativos.
Os fundos de renda fixa dão mais liberdade para o gestor, o que significa maiores possibilidades de ganhos, mas também de perdas. Entre os mais rentáveis o risco foi superior ao dos DI, como mostra o desvio padrão nas tabelas ao lado e abaixo.
"Com a tendência de queda nos juros, o grande desafio dos gestores passa a ser ousar mais para conseguir superar o CDI e ter rentabilidade atrativa", diz Ana Novaes, gestora do Pictet Modal Select, fundo de renda fixa que teve a maior rentabilidade no ano passado -19,87%. "O investidor deve se acostumar a enfrentar mais volatilidade", diz.

Conservadorismo
A gestão de Ana, em 2000, pode ser classificada como conservadora. Praticamente toda a carteira foi mantida com papéis pós-fixados, sendo 70% deles títulos públicos do governo. Entre os papéis privados, estavam títulos de empresas de primeira linha.
Um desses papéis, aliás, foi fundamental para a performance do fundo. Em um único dia, 11 de janeiro, fez com que o ganho fosse de 1,82%.
Segundo Ana Novaes, esse ganho foi obtido com debêntures da Globo Cabo conversíveis em ações. Ela explica que o papel foi comprado em novembro, a R$ 0,80, com rentabilidade de IGP-M mais 12% ao ano. Ele seria convertido em ações caso chegasse a R$ 1,30. Quando foi contabilizado na carteira, em janeiro, valia cerca de R$ 2. "O vendemos imediatamente, o que gerou o ganho de 1,82% no dia."
Ana diz que hoje a carteira continua quase toda pós-fixada. "Mas estamos estudando o que fazer", afirma. "Os gestores devem agora medir os riscos nos mercados de juros futuros e dólar."
O conservadorismo também marcou a gestão do Alfa Plus, que ficou em quarto lugar. "Cerca de 60% da nossa carteira era pós-fixada", diz Márcio Emery, diretor da Asset do Banco Alfa. Segundo ele, apesar desse fundo poder ter até 10% do patrimônio em ações, quase não houve esse tipo de operação. "O limite foi 3% em Bolsa. Mesmo assim, vendíamos os papéis em no máximo dois dias."

Mais agressividade
Estratégia completamente diferente adotou a Título Corretora, que obteve o segundo melhor desempenho. A carteira do Título FIF 60 esteve cerca de 90% prefixada. "Apostávamos no declínio dos juros", diz Carlos Augusto Aviar, diretor de investimento.
Na carteira, cerca de 70% dos papéis eram títulos públicos. Entre os papéis privados, entraram apenas os de bancos.
Segundo Aviar, neste ano deverá ser mantida a mesma estratégia. Mas ele admite a necessidade de talvez, na busca de maior ganho, também fazer operações com derivativos ou comprar papéis de outras empresas privadas além dos bancos.
Outro fundo que focou em papéis prefixados foi o BVA Fix Seguro. Eles compunham 80% da carteira. "Mas hoje o risco dos prefixados está ficando grande", avalia Paulo Augusto de Souza, superintende de fundos do BVA. "O prêmio (diferença entre a Selic e os juros para um ano no mercado futuro) está ficando pequeno", diz. "Talvez compremos mais títulos pós-fixados do governo ou fiquemos com os prefixados, mas com "hedge" no mercado futuro."



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