SILVANA MAUTONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Que investidor não sonha em ter um gestor olhando para as suas economias com atenção especial, orientando e escolhendo criteriosamente cada aplicação de acordo com o perfil do cliente?
São esses benefícios que oferecem as carteiras administradas, serviço oferecido a pessoas físicas, principalmente por corretoras de valores e pelas empresas de gestão de recursos. As carteiras são montadas especialmente para o investidor, considerando seu perfil, capacidade de investimento e objetivo de rentabilidade.
Mas isso não é para qualquer um. Entre as instituições ouvidas pela reportagem da Folha, a menor aplicação exigida é R$ 100 mil. Há casos em que chega a R$ 1 milhão. A atenção especial também tem um custo extra: além da taxa de administração, é cobrada taxa de performance. Os valores variam conforme a instituição e, em alguns casos, também de acordo com o volume aplicado.

Maior procura
A Máxima Asset Management aderiu a esse mercado há cerca de seis meses. Segundo Raphael Câmara, administrador de recursos da corretora, hoje há dez carteiras desse modelo sendo administradas. O patrimônio total beira R$ 10 milhões.
De acordo com ele, o interesse por esse tipo de serviço se tornou maior a partir de 1999. "Como naquela época ficou mais clara a perspectiva de queda na taxa de juros, a renda fixa passou a perder atratividade e o mercado acionário, ao contrário, começou a chamar mais atenção", diz.
A carteira administrada vem justamente atender ao investidor que quer alguém gerenciando as melhores oportunidades para suas economias, entrando ou saindo das várias opções de investimento de acordo com o vaivém do mercado, sem esquecer qual é o perfil do dono do dinheiro.
Na Máxima, a aplicação mínima exigida é R$ 500 mil. Dependendo do volume em carteira, a taxa de administração cobrada varia entre 1% e 3%. A taxa de performance é de, em média, 15% sobre o ganho que exceder o rendimento do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais 6%.
Segundo Gabriel Jafet, diretor da ClickInvest, o investidor que opta pelas carteiras administradas busca maior agilidade. "Em um momento de baixa na Bolsa, rapidamente ele pode estar 100% fora desse tipo de investimento, facilidade essa que os fundos, por exemplo, não têm", diz. Ele lembra ainda que, no caso dos fundos, uma ordem de resgate leva dois dias para ser cumprida. Em alguns casos, até mais. Ou seja, a liquidez das carteiras administradas é bem maior.
A ClickInvest tem cerca de 40 carteiras administradas, que somam um patrimônio de aproximadamente R$ 10 milhões. O valor mínimo exigido para abertura é R$ 100 mil. É cobrada taxa de administração de 2% ao ano e 20% de taxa de performance sobre o que exceder o CDI ou o Ibovespa, dependendo do perfil da carteira.
A corretora Fama trabalha com carteiras administradas desde sua fundação, em 1993. Mas o produto é voltado apenas para grandes investidores. O valor mínimo exigido é R$ 1 milhão. As taxas de administração e performance variam conforme o patrimônio.
Segundo Fábio Alperowitch, sócio-diretor da empresa, hoje há 15 carteiras administradas. O patrimônio chega a R$ 40 milhões.
O relacionamento que os clientes têm com os gestores das carteiras administradas também varia conforme a instituição. Gabriel Jafet, por exemplo, diz que ele, que é o responsável pela gestão na ClickInvest, após a definição do perfil do cliente, passa a atuar com total autonomia. Praticamente não discute mais a estratégia com os investidores. "Uma das características desses clientes é que eles estão já há um bom tempo no mercado de renda variável e conhecem o trabalho do gestor", diz.
Na Fama, até mesmo devido ao porte dos investidores, bem maior, o tratamento é mais personalizado. "Dependendo do cliente, chegamos até a conversar com ele várias vezes ao dia. Alguns gostam de acompanhar os investimentos passo a passo", afirma Alperowitch. Segundo ele, esta é justamente a grande vantagem das carteiras administradas. "O cliente pode compartilhar das decisões", diz.


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