São Paulo, segunda, 10 de maio de 1999

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POUPANÇA
Desemprego reforça os saques da caderneta
Investidores buscam rentabilidade maior

MARA LUQUET
Editora do Folhainvest

No último mês, a combinação da queda dos juros com o aumento das taxas de desemprego, associada à redução da oscilação dos principais índices do mercado financeiro, levou muitos investidores a sacar recursos da poupança. Os resgates da caderneta, no período, foram maiores que os depósitos em mais de R$ 1 bilhão.
Duas circunstâncias, apontam economistas e analistas de investimentos, explicam esse comportamento: o desemprego, que obriga o investidor a resgatar suas reservas financeiras para cobrir despesas domésticas, e a busca de maiores rentabilidades.
Neste ano, a caderneta de poupança ofereceu aos investidores um ganho acumulado de 5,2%, enquanto o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que acompanha as taxas de juro e remunera os fundos DI, bateu nos 10,9%.
Mesmo se descontados os custos com taxas de administração e Imposto de Renda, que não incidem sobre a poupança, os fundos DI tiveram um ganho muito maior.
Há, além da diferença de rentabilidade, uma outra razão que explica a corrida do investidor para outras aplicações: a maior confiança para assumir riscos, dado o cenário de maior calmaria na economia.
Afinal, a pressão sobre o câmbio diminuiu, a CPI dos Bancos parece estar perdendo o fôlego e a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) volta a registrar volumes atraentes de negócios.
"A poupança tem um grande apelo porque é de fácil entendimento e as pessoas acreditam que ela é garantida pelo governo", diz Luís Eduardo de Assis, diretor da HSBC Asset Management.
É importante observar, no entanto, que quem cobre as perdas da poupança, em caso de quebra do banco, é o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), um fundo mantido com contribuições dos bancos.
Há, no mercado, aplicações tão seguras quanto a caderneta e que oferecem ganhos bem maiores. Daí a onda de saques da aplicação. A poupança que, tradicionamente, aumenta sua captação no auge das crises, agora registra saques muito expressivos.
"O investidor sempre volta em busca da rentabilidade", diz Antônio Costa, sócio da Oryx Asset Management.
Neste momento, por exemplo, recomenda, o investidor deve aplicar parte de seus recursos em títulos prefixados e não mais do que 10% no mercado acionário. Essa combinação significa que há espaço para tomar um pouco mais de risco, em busca de rentabilidade. Mas cuidados devem ser tomados pelo investidor.




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