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MOEDAS
Bolsas de Valores de países que desvalorizaram sua moeda sofreram quedas acentuadas meses depois do ajuste
Desvalorização é vista como uma ameaça
da Redação
As Bolsas de Valores de países
que promoveram desvalorizações
de suas moedas em relação ao dólar experimentaram perdas significativas nos meses que antecederam a desvalorização.
À exceção da Bolsa coreana, todas as outras também tiveram
perdas nos meses seguintes à desvalorização cambial. As perdas variaram de acordo com o tamanho
da desvalorização e da resistência
em se fazer o ajuste.
A Bolsa na Rússia, que resistiu
até o último minuto para promover uma desvalorização de 69% no
rublo, sofreu uma queda de mais
de 80% reais em menos de um mês
após a correção da moeda (veja tabela abaixo).
Já na Coréia, que promoveu uma
desvalorização de 2,2% na sua
moeda, no final do ano passado, a
Bolsa experimentou um ganho
real de 28% nos três meses seguintes ao ajuste.
Brasil
No Brasil, as sucessivas quedas
da Bolsa de Valores também refletem o medo de que o país promova uma desvalorização cambial.
Os investidores estrangeiros enxergam a possibilidade como uma
ameaça. Se deixassem para resgatar seu dinheiro do país após a
desvalorização, eles perderiam
porque precisariam de mais reais
para trocar por dólares.
Esse é o problema imediato, mas
não o único. Esses investidores
têm medo que o país quebre, ou
seja, que suas reservas internacionais acabem e o governo não tenha recursos para honrar suas
obrigações externas.
Outro ponto importante a considerar é que uma desvalorização da
moeda provoca perda de riqueza
imediata para o país. Todos ficam
mais pobres, as empresas produzem menos porque há poucos
consumidores e passam a ter receitas e lucros menores.
Sem crescimento econômico, a
roda não gira, e como as Bolsas de
Valores refletem o desempenho
das empresas, o mercado reage
com queda no preço das ações.
Por isso, os analistas acreditam
que ainda levará algum tempo até
que a Bolsa de Valores recupere
sua tendência de alta. Na avaliação
de muitos administradores de recursos, até que o mundo absorva o
impacto dessas desvalorizações
cambiais ocorridas e a recessão
encerre seu ciclo, será preciso um
prazo de dois a três anos.
As Bolsas podem começar a reagir antes disso. Alguns indicativos
apontam para o segundo semestre
de 1999, pois as ações já começariam a refletir o crescimento esperado para o ano 2000.
Reservas internacionais
A corrida de investidores por
proteção em dólar fundamenta-se
na expectativa de que o governo
brasileiro seja obrigado a promover uma desvalorização cambial
para reverter o fluxo de capitais
estrangeiros para o país.
A equipe econômica do governo
Fernando Henrique Cardoso sempre descartou essa hipótese e este
ano vem mantendo uma desvalorização mensal de 0,6% para o
câmbio. Por vontade própria, o
governo não tomaria tal atitude,
mas o receio é que o governo não
tenha alternativas.
A fuga de capitais este mês já ultrapassa os US$ 10 bilhões e, na
estimativa de muitos economistas, as reservas internacionais podem entrar na segunda quinzena
do mês num patamar de US$ 45
bilhões. Lembre-se que há pouco
tempo elas somavam US$ 74 bilhões.
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