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CARTEIRA LIVRE
Fundos de renda variável, que operam nos mercados futuros para obter rentabilidade de renda fixa, estão com seus dias contados
Vai acabar essa mamata
da Reportagem Local
Em meio à crise das Bolsas, alguns investidores estão aproveitando o melhor de dois mundos: a
liquidez dos fundos de ações e a
rentabilidade dos de renda fixa,
em uma única aplicação.
Eles investem em fundos carteira livre que não têm prazo de carência para sacar, mas conseguem
escapar do risco da Bolsa e obtêm
rentabilidade compatível com a
do CDI (Certificado de Depósito
Interbancário), a taxa usada nos
empréstimos entre bancos. De
quebra, alguns ainda reduzem à
metade a mordida do fisco.
O milagre é fruto da criatividade
dos administradores de fundos de
renda variável (ações e carteira livre). A legislação permite que os
fundos carteira livre apliquem
49% de seu patrimônio em derivativos (contratos futuros de juros,
câmbio e Ibovespa).
Os gestores de fundos combinaram essas operações com a compra de ações no mercado à vista e
conseguiram uma rentabilidade
equivalente à taxa de juro do CDI.
No ano passado, esse tipo de
fundo proliferou como praga. Mas
a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) não gostou da brincadeira e resolveu pôr fim à alegria dos
administradores e investidores.
"Os fundos carteira livre que fazem operações buscando rentabilidade de renda fixa estão irregulares. Eles têm de estar sujeitos à flutuação do mercado de ações", diz
Ana Maria França, superintendente de relações com investidores da CVM.
Segundo Ana Maria, a maioria
das instituições que adotaram esse
tipo de política, no ano passado, já
se enquadrou. "Outras resistem,
alegando que não buscam rentabilidade de renda fixa, mas, sim,
controlar a volatilidade do fundo e
proteger o aplicador", acrescenta.
A PPS Portfólio Performance localizou quatro fundos carteira livre que ainda operam com rentabilidade colada ao CDI (veja quadro). Dois deles, o Omega, do
banco Omega, e o Solid, do banco
Cidade, estão em fase de extinção,
segundo seus administradores.
O ABC Brasil ALCP, do banco
ABC Brasil, opera normalmente.
Esse fundo teve rentabilidade positiva ao longo de quase todo o
ano. Na média, ficou em torno de
90% do CDI.
Segundo seu gestor, não houve
nenhum milagre."Trabalhamos
com ativos de renda variável com
baixa volatilidade (oscilação de
preços)", explica Wanderley Silva, diretor de Asset Management.
Silva diz que o ALCP não compra ações no mercado à vista e
mantém 51% de seu patrimônio
aplicado em contratos de Ibovespa futuro e o restante em renda fixa. "Com isso, conseguimos minimizar a volatilidade do fundo."
O Comercial FMIA, da corretora
Comercial, também adota uma
política cujo resultado não tem
correlação com a Bolsa, apesar de
ser renda variável. "A meta do
fundo é superar o CDI", afirma
Antonio Carlos Costa de Barros,
diretor da corretora.
Segundo ele, esse é um fundo
carteira livre conservador e que
segue as normas da CVM. Por isso, seus investidores pagam só
10% de imposto de renda, enquanto na renda fixa o imposto é
de 20%.
O fundo consegue bater o CDI
comprando ações no mercado à
vista e fazendo apostas a preços
menores no mercado futuro, com
o mesmo papel.
"Por exemplo: compramos Telebrás a R$ 90, à vista. Vendemos
opção a vencer em dois meses, por
R$ 70. Se o preço do papel subir eu
ganho, se cair, eu perco", diz ele.
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