UOL


São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LANÇAMENTOS SOBRE CINEMA

Cineastas e Imagens do Povo (Cia. das Letras), de Jean-Claude Bernardet - Análise de documentários brasileiros de curta-metragem com temática popular produzidos entre 1960 e 1980. Partindo de um gênero cinematográfico que o autor denomina "modelo sociológico" -registros de tradições e questões sociais que contrapõem a "voz da experiência" dos entrevistados à "voz do saber" do locutor onisciente-, o livro investiga quem é o dono do discurso em cada uma das obras do que vem a ser a filmografia da crise desse modelo. Ela questiona a exterioridade do sujeito-cineasta em relação ao objeto documentado, como em "Tarumã" (1975, de Aloysio Raulino, Guilherme Lisboa, Mario Kuperman e Romeu Quinto), sobre a vida no campo, em que a classe subalterna ganha voz autônoma: o documentário consiste em um longo depoimento de uma bóia-fria. A tese do livro é reforçada pela opção de Bernardet por tomar os filmes como objeto autônomo, analisando sua linguagem sem indicar-lhes o contexto, apenas creditando a autoria na filmografia listada ao final do livro

A Imagem Fria (Ateliê Editorial), de Tales Ab'Sáber - "Última reviravolta no amplo ciclo do cinema moderno brasileiro", entendido a partir da criação da Vera Cruz (1950), a cinematografia paulista dos anos 80 é abordada neste livro do ponto de vista da "crise do sujeito" e das opções pela inserção na cultura urbana e pelo primado da técnica. Psicanalista do Instituto Sedes Sapientiae, o autor iniciou o livro no contexto da criação de um pólo cinematográfico em SP, "revelando uma nova expressão de classe média modernizada". São analisados os filmes "Noites Paraguayas", de Aloysio Raulino; "A Marvada Carne", de André Klotzel; "Cidade Oculta", de Chico Botelho; "Anjos da Noite", de Wilson Barros; "A Dama do Cine Xangai", de Guilherme de Almeida Prado; "A Hora da Estrela", de Suzana Amaral; "Vera", de Sérgio Toledo; e "Feliz Ano Velho", de Roberto Gervitz

O Poder do Clímax (Record), de Luiz Carlos Maciel -Historiando os fundamentos do roteiro de cinema e de TV, o autor propõe uma reflexão sobre o modelo tradicional de roteiro, construído em razão do ápice dramático da trama. Em linguagem descontraída, o diretor de teatro, um dos fundadores do Pasquim e autor de livros como "Anos 60, Geração em Transe", transita de teorias clássicas e modernas (da dialética de Hegel à lei do "conflito de vontades" de Brunetière) às concepções de celebridades da técnica de roteiro, como Syd Field


Texto Anterior: Narcisismo às avessas
Próximo Texto: Ponto de fuga: Língua solta
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.