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JOGO DE CLASSES
Deshakalyan Chowdury - 1º.jul.2002/France Presse
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Torcedores carregam bandeira brasileira pelas ruas de Calcutá (Índia) para comemorar a conquista do pentacampeonato de futebol pelo Brasil, em 2002 |
INSTRUMENTALIZADO PELO CAPITAL
TRANSNACIONAL E PONTA-DE-LANÇA DA
SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, FUTEBOL
SE CONSOLIDA COMO METÁFORA
PARA ENTENDER OS PROBLEMAS
DA SOCIEDADE
DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO
Hoje chega ao fim um dos
campeonatos mais conturbados da história do futebol brasileiro, e, uma vez
mais, o esporte mais popular do planeta parece refletir as mazelas e também os sucessos do país. Suspeitas
de corrupção, escândalos na arbitragem, intervenção do Superior Tribunal de Justiça Desportiva -que
anulou e remarcou 11 jogos-, realização de partidas sem público e confrontos fatais entre torcidas.
O Corinthians, equipe que mais
investiu na temporada e que hoje
pode conquistar seu quarto título
nacional desde a criação do torneio,
em 1971, tem questionada sua parceria com a MSI (Media Sport Investment), presidida pelo iraniano Kia
Joorabchian. Segundo relatório do
braço paulista do Ministério Público
Federal, o principal interesse do MSI
no Brasil é a lavagem de dinheiro.
Por outro lado, a agônica batalha
de equipes tradicionais para escapar
do rebaixamento à Série B -no
campo, e não nos bastidores- exibe
um lado mais positivo da sociedade
brasileira nos últimos anos. Isso é
"comparável à alternância de governos num regime democrático", defende em entrevista à Folha o professor de história da USP Flávio de
Campos, 42, especialista na evolução
dos jogos e das práticas esportivas
desde a Idade Média.
Esse espelhamento multifacetado
da sociedade brasileira que o futebol
propicia não é casual, já que ele é, diz
Campos, um "jogo da luta de classes". Para ele, a intervenção do
STJD, dando novos contornos ao
torneio, é um reflexo da "concentração de poderes e os resquícios de
posturas arbitrárias e autoritárias"
no país.
O historiador lança no ano que
vem [título e editora não-definidos],
em parceria com o também medievalista Hilário Franco Jr., um estudo
sobre o futebol e seus elementos
simbólicos, antropológicos e psicológicos. Ele afirma que a sociologia
do esporte vem crescendo vertiginosamente nos últimos anos -e não
só no Brasil. "É um espaço acadêmico crescente, sendo desenvolvido cada vez mais. Aqui na França a pesquisa sobre futebol é intensa, em diferentes áreas, tentando explicar o
fenômeno cultural e esportivo."
Palmeirense apaixonado, Campos
afirma que, se o Corinthians for
campeão hoje, seus adversários projetarão suas frustrações nas polêmicas que teriam favorecido o clube,
afirmando que o torneio apresentou
"vícios de execução".
Com três pontos e saldo de cinco
gols a mais que o segundo colocado,
o Internacional (RS), o clube paulista só não será campeão se perder do
Goiás, em Goiânia, e o Inter vencer o
Coritiba, que joga em casa contra o
rebaixamento à Série B. A diferença
de gols nos dois jogos também precisa ser grande para descontar o saldo do time paulista.
Campos está agora em Paris, onde
realiza pesquisas na prestigiada Escola de Altos Estudos em Ciências
Sociais sobre os esportes que antecederam o futebol durante a Idade Média. Foi de lá, por e-mail e telefone,
que terminou de conceder a entrevista abaixo, às 4h da gélida madrugada parisiense. "Só o futebol e a história são capazes de provocar esse
entusiasmo em mim..."
Folha - As polêmicas ocorridas ao
longo deste Campeonato Brasileiro
são apenas uma repetição da velha
metáfora de que o futebol explica a
sociedade brasileira?
Flávio de Campos - Não acho que
seja apenas uma velha metáfora.
Sem dúvida o futebol é a principal
manifestação cultural da sociedade
brasileira. Não creio ser possível estabelecer uma análise sobre as características do Brasil contemporâneo
descartando o futebol ou relegando-o a um papel secundário. Pelo contrário, acredito que seja uma das janelas privilegiadas para tal compreensão.
A intervenção do STJD revela a
concentração de poderes e os resquícios de posturas arbitrárias e autoritárias disseminadas em diversos
campos da sociedade, e não só no
campo futebolístico. Isso é visível
nas universidades, nos clubes, nas
Redações de jornais e outros órgãos
da imprensa, nos partidos políticos,
nas empresas. Enfim, em inúmeras
instituições públicas e privadas.
Além da manipulação de resultados, a decisão do árbitro Márcio Rezende de Freitas no lance do pênalti
que teria sido cometido pelo goleiro
Fábio Costa sobre o volante Tinga,
do Internacional [no último dia 20,
quando os dois times empataram
em 1 a 1], é semelhante à atitude do
presidente do STJD, Luiz Zveiter.
O árbitro, num lance, estava tão
ofuscado pelo -em seu entender-
excelente desempenho na partida
que não mediu o alcance da sua decisão: não apenas deixou de apontar
a penalidade máxima, prejudicando
o Internacional, como expulsou o
jogador (ao dar-lhe o segundo cartão amarelo).
A decisão foi tomada de maneira
implacável, e o apito foi soado pelo
sopro da arrogância e da soberba.
É uma tentação relacionar essas
motivações à maneira como nossos
dirigentes políticos (não só do governo Lula) se deixam levar pela vertigem do poder e pela vã glória de
mandar. Há articulações inequívocas entre as diversas práticas de poder em nossa sociedade. Seja do baixo ou do alto clero.
Folha - Quais os reflexos sociais dessas polêmicas?
Campos - De imediato, podemos
identificar as manifestações dos torcedores nos estádios de futebol e a
potencialização da violência das torcidas [em 15/10, um palmeirense
morreu baleado nas costas antes do
jogo Palmeiras x Corinthians, em
SP, e um torcedor corintiano foi
morto baleado na cabeça; dois dias
depois, um torcedor da Ponte Preta
seria morto a pauladas por são-paulinos, em Campinas (SP)].
A violência social, sob os seus mais
diversos aspectos, é contida e ritualizada por meio do futebol. Isso vale
também para outras modalidades
lúdicas, mas, diante do papel que o
futebol assumiu no Brasil e no mundo nos últimos cem anos, ele se tornou o principal catalisador esportivo dessas tensões sociais.
Falo de ritualização da violência
porque o futebol expressa uma contenda entre duas equipes no campo
e uma luta simbólica entre os torcedores nas arquibancadas, ruas e espaços públicos. Muitas vezes, tais lutas simbólicas (e mesmo as disputas
esportivas) descambam para um
conflito efetivo.
Há uma idéia de justiça, de aplicação de normas e de condições mínimas de igualdade na disputa que são
aceitas por jogadores e torcedores. A
aceitação da derrota e a própria banalização do sucesso ou do insucesso, fundamentais para a efetivação
do "fair play" esportivo, estão em
causa nesse momento devido às polêmicas em torno da manipulação
de arbitragens e da repetição de jogos que modificaram diversos resultados originais.
Há uma quebra da "ordem" sobre
a qual se fundamentam as disputas
futebolísticas. E isso gera um clima
de descrédito com respeito às instituições e autoridades que administram o futebol.
Significativamente, isso ocorre
num momento em que o país também vive um clima de profundo descrédito com relação ao PT, ao governo Lula e à representação parlamentar. Não posso afirmar até que ponto
tais elementos serão articulados e
explorados política e eleitoralmente.
Mas há, sem dúvida, uma coincidência significativa e perigosa.
Folha - Pode-se dizer, por outro lado, que há uma maior moralização pelo fato de times grandes terem sido
rebaixados à Série B?
Campos - Acho extremamente salutar em dois níveis. Para o futebol,
porque permite questionar, no campo do jogo -quando não há viradas
de mesa-, a atuação de dirigentes,
comissões técnicas, patrocinadores,
jogadores e até mesmo torcedores e
setores da imprensa esportiva.
Não vejo moralização porque prefiro pensar em democratização e divisão de responsabilidades, sem paternalismos de nenhum tipo, que altere as estruturas de poder dos clubes com respeito a seus associados e
torcedores, e das comissões técnicas
e jogadores.
Confesso que, da mesma maneira
que não me agrada ver meu time ganhar devido a uma ou mais falhas de
arbitragem, também não me agrada
a vitória atribuída e comandada por
técnicos "linha-dura", "de pulso forte", "xerifes" ou qualquer outra designação, que estabeleçam o comando autoritário como qualidade, mesmo quando isso possa ter alguma
eficácia.
Por outro lado, o rebaixamento de
grandes clubes (ou de médios e pequenos) é comparável à alternância
de governos num regime democrático. A eleição de um grupo que nos
afete diretamente (desde que resguardadas as regras democráticas) e
a derrota dos grupos com os quais
simpatizamos não representam o
fim do mundo. O amadurecimento e
aperfeiçoamento da democracia tem
nessa alternância o seu fundamento.
Não foi por acaso que o sociólogo
alemão Norbert Elias [1897-1990] associou o jogo político aos jogos praticados entre parlamentares ingleses
no século 18, sendo a associação entre ambos um dos elementos que
proporcionaram estabilidade política ao mesmo tempo em que impulsionaram o esporte na Inglaterra.
Folha - Essa relação entre o esporte
e a sociedade é histórica e internacional ou é mais evidente apenas em países como o Brasil?
Campos - No Brasil, como já mencionei, ela é fundamental. Mas, hoje
em dia, em graus variados, ela é
identificável em diversos outros países. Como hipótese de pesquisa sobre a qual tenho trabalhado, o futebol se constituiu num conjunto de
símbolos, gestos e ritos que se tornou compreensível em quase todas
as partes do mundo. É quase a realização da universalização tão almejada pelo cristianismo. Laurence Kitchin chega a afirmar que o futebol é
o único idioma comum da humanidade além da ciência.
O futebol quase corresponde à universalização tão almejada pelo cristianismo
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Evidentemente, cada formação social -e em seu interior, os diversos
grupos sociais- estabelece uma relação específica. Mas, de forma geral,
há uma articulação inequívoca entre
futebol e sociedade, que vai desde
sua administração e até mesmo o estilo de jogo, dentro de um padrão tático que tende a se tornar cada vez
mais uniforme.
Folha -De que forma a vitória do Corinthians, que mantém parceria com a
MSI, pode refletir uma vitória do capitalismo globalizado?
Campos - O futebol é um espetáculo rentável, que movimenta um
enorme volume de capitais no mundo todo. É o principal esporte subordinado às regras de uma sociedade
do espetáculo, num contexto de globalização cada vez mais intensa.
O futebol tem uma história que é
anterior à própria sociedade capitalista. Os jogos de bola medievais, como o "hurling", o "calcio", a "shoule" e a "pelota", foram duramente
reprimidos pelas autoridades municipais e monárquicas na Europa desde o século 14. Tratava-se de jogos
violentos praticados também por
grupos subalternos. Nos séculos 16 e
18, tenderam a tornar-se modalidades lúdicas confinadas a espaços e
tempos definidos e quase restritos
aos setores sociais dominantes.
Não é por acaso que o futebol moderno "nasce" no século 19 a nas escolas inglesas. Ao final do século 19,
a despeito do amadorismo que tentava impor uma barreira social e vedar a prática do futebol à classe operária, o futebol é retomado pelos
grupos subalternos.
O historiador Eric Hobsbawm,
diante da sua disseminação na Inglaterra e na Europa, o definiu como
a religião laica da classe operária. Recuperando uma expressão desgastada, pode-se dizer que a história do
futebol é também a história da luta
de classes nas praças esportivas.
Nos dias de hoje, caracterizados
não só pela circunstancial vitória do
capitalismo globalizado mas pela redução dos outrora ruidosos sindicalistas a síndicos medíocres dos condomínios do capital transnacional, é
óbvio que isso também iria se refletir
no futebol.
A história do futebol é
também a história da luta de classes
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E a eventual vitória do Corinthians
não é só fruto do investimento de capitais. É também decorrente da evasão dos grandes jogadores brasileiros para a Europa, da gestão criminosa dos clubes nacionais e da ausência de projetos consistentes de
inclusão social nas chamadas categorias de base.
Folha - Os atuais escândalos da arbitragem são uma prerrogativa do esporte ou da ética do país? O risco de
manipulação é maior no Brasil?
Campos - Claro que não. Nos campeonatos europeus há denúncias
freqüentes de manipulação de resultados. Como a corrupção, que também não é apanágio dos países do
Terceiro Mundo. A diferença repousa na forma como as sociedades toleram, condenam e punem tais práticas e na privatização ou não de espaços públicos.
Em um país em que as instituições
democráticas são ainda muito recentes e no qual a ética da malandragem se expressa também pela ostentação da autoridade, há dificuldade
em estruturar o futebol com o objetivo de coibir tais procedimentos e
punir os responsáveis.
Mais uma vez, é possível uma
comparação com a crise do Congresso Nacional. Caixa dois para
campanhas eleitorais, compra de
votos de parlamentares, aluguel de
partidos políticos, licitações fraudulentas, nepotismo e outras tantas
práticas são recorrentes no Brasil. E
CPIs de fachada e ocasião ou coberturas meramente sensacionalistas
não avançam para além dos interesses eleitorais.
O mesmo se pode afirmar com
respeito à questão das arbitragens.
Elas formam as ondas do mar cujo
movimento profundo é provocado
pelas estruturas das federações, dos
clubes e da CBF.
Folha - A intervenção do STJD representou uma defesa dos interesses da
sociedade ou beneficiou apenas alguns clubes?
Campos - Os interesses da sociedade, como os dos clubes, são conflitantes. Não há possibilidade de estabelecer um único interesse. A questão é: qual seria o fórum mais apropriado e não-ideal para tomar as decisões? Acredito que uma única pessoa chamar para si o direito a decidir
tal questão provoca um vício de origem. Diante da situação, acompanho aqueles que defenderam a análise de cada partida e a anulação dos
jogos em que houve inequivocamente o favorecimento de um clube.
Mas, volto a insistir, o encaminhamento é, nesse caso, tão importante
quanto a decisão a ser tomada.
Folha - De que forma se pode comparar esse tipo de intervenção com a
instrumentalização do esporte mais
popular do país feita nos anos JK, na
era Vargas ou no regime militar?
Campos - A instrumentalização do
futebol foi usada por Vargas, Juscelino, Jango, Médici, Fernando Henrique Cardoso. Em diversos países, os
dirigentes políticos pegam carona
nos sucessos esportivos. Não há como impedir. Há como identificar e
criticar. Faz parte do jogo político.
Folha - É possível analisar a história
do país a partir dos grandes times de
massa, como o Corinthians, Flamengo
ou Palmeiras?
Campos - Não só a partir dos times
de massa, mas a partir de outros times e de outras práticas de futebol
reveladores de formas de sociabilização, contestação e resistência. Por
exemplo, times que, na sua origem,
estiveram vinculados a grupos de
imigrantes italianos em São Paulo
-anarquistas e socialistas- e que
foram importantes nas décadas de
1910 e 1920, cujas torcidas acabaram
disputadas pelo Corinthians e pelo
Palestra Itália [atual Palmeiras].
Grupos subalternos, que não se
identificavam com nenhum desses
times e que acabaram atraídos pelo
São Paulo na década de 1940. Brasileiros de diversas regiões que passaram a se identificar com o Flamengo
motivados pelas transmissões de Ari
Barroso. A aceitação de jogadores
negros no Vasco da Gama e a resistência dos dirigentes e torcedores do
Fluminense à sua aceitação.
Enfim, a história do Brasil está articulada à história do futebol brasileiro. E essa história ainda está por
ser escrita.
Folha - O que aumenta o interesse
das pessoas, mesmo as que não acompanham futebol, pelo desfecho deste
campeonato?
Campos - A final sempre é uma festa. Os jogos esportivos têm momentos que se destacam do ritmo cotidiano e se assemelham aos festejos.
E, nesse clima de decisão, a festa extrapola o estádio e toma as ruas, no
momento em que se quebram os
elementos simbólicos na comemoração. O templo que é o campo de
futebol, onde o torcedor nunca pode
entrar, é o palco dessa comemoração, após a final do campeonato,
quando a torcida invade o gramado
para festejar, chegando mais próxima do lugar que é sacralizado. Além
disso, a festa transborda pela cidade,
como normalmente acontecia na
avenida Paulista [em SP].
Nesse momento, as pessoas estão
contagiadas pela eminência da festa,
que está para acontecer a qualquer
momento. Além dos corintianos,
que aguardam o tetracampeonato,
há os torcedores do Internacional,
ainda esperançosos, e os torcedores
dos outros times, projetando suas
frustrações e querendo que o maior
rival não saia vitorioso.
Evidentemente, este campeonato
tem uma questão própria. Um argumento vai tentar quebrar o discurso
da comemoração do melhor time do
campeonato: os adversários vão falar que o campeonato foi "melado",
tem vícios em sua execução.
Folha - O Brasil é favorito na Copa do
Mundo de 2006, na Alemanha? A vitória do Brasil e a consolidação de sua
hegemonia podem ser prejudiciais ao
futebol internacional?
Campos - Não concordo. O Brasil
tem os melhores jogadores e está
realmente indo como favorito, mas
meu sentimento pessoal, quase num
prognóstico de um torcedor, é de
que o Brasil não ganhará a Copa.
Tudo depende muito de uma série
de fatores, detalhes. A Copa é um
torneio que não privilegia o planejamento e a campanha no médio prazo; muitas vezes é o acaso que resolve, como a derrota do Brasil em 1982
-ano exemplar, já que foi uma das
melhores seleções que o país já teve,
e ela aconteceu pouco antes da derrota das Diretas-Já.
E, mesmo que o Brasil seja campeão, não significa que haverá consolidação de uma hegemonia que faça do Brasil um vitorioso antecipado. O Brasil sempre vai ser uma
grande potência no futebol, mas o
nível de outras seleções também é
muito alto, especialmente na questão técnica de estratégia, planejamento, área em que o Brasil não tem
domínio total. E a derrota, caso
ocorra, também não trará uma
grande tristeza ou depressão nacional. Não é o fim do mundo.
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