|
Texto Anterior | Índice
|
|
|
|
|
|
|
+
poema |
|
|
|
|
Um
soneto de John Donne |
|
|
|
|
Tradução
de José Almino
Ilustração de Carlos Uchôa
|
|
|
|
|
Oh! Morte, que alguns dizem assombrosa
E forte, não te orgulhes, não és assim;
Mesmo aquele a quem visastes o fim,
Não morre; não te vejo vitoriosa.
Vens em sono e repouso disfarçada,
Prazeres para os que tu surpreendes;
E o bom ao conhecer o que pretendes
Descansa o corpo, a alma libertada.
Serves aos reis, ao azar e às agonias,
A ti, doença e guerra se acasalam;
Também os ópios e magias nos embalam,
Como o sono. De que te vanglorias?
Um breve sono que a vida eterna traz,
Golpeia a morte e Morte morrerás.
|
|
|
|
|
Death,
be not proud, though some have called thee
Might and dreadful, for thou art not so;
For those whom though thinkst though dost overthrow
Die not, poor Death, not yet canst though kill me.
From rest and sleep, which but thy picture be,
Much pleasure; then from thee much more must flow;
And soonest our best men with thee do go,
Rest of their bones, and souls delivery.
Though art slave
to fate, chance, kings, and desperate men,
And dost with poison, war, and sickness dwell,
And poppy or charms can make us sleep as well
And better than thy stroke; why swells though then?
One short sleep past, we wake eternally
And death shall be no more; Death, though shalt die.
|
|
|
|
John
Donne
(1572-1631) educou-se em Oxford e Cambridge. Originalmente católico,
converteu-se à Igreja Anglicana, à qual serviu como
deão da Catedral de Saint Paul, em Londres. Holy Sonnets
(Sonetos Sagrados, 1615), de onde foi extraído o poema traduzido
nesta página, é uma de suas obras mais célebres
José Almino é poeta e ensaísta, autor
de O Motor da Luz
Carlos Uchôa é artista plástico; sua próxima
exposição será inaugurada em abril, na Galeria
Brito Cimino (SP)
|
|
Texto Anterior: José Simão: Virei
ombudsman de genitália!
Índice
|