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Biblioteca básica
Pedagogia da Autonomia
DENISE STOKLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Pedagogia da Autonomia", livro de Paulo Freire, foi
o mais importante para mim porque abriu um enfoque da responsabilidade do cidadão, cívica e
poética, com seu universo. Ele deixa claro e dá
uma dimensão da criatividade que é deixada ao indivíduo para construir seu mundo, sua convivência. Ele dá
ao indivíduo a qualidade de ser o criador do lugar onde
habita, convive. Com isso, vemos as duas mãos dessa situação: nos responsabiliza por tudo o que está acontecendo -mesmo as coisas com as quais não concordamos, cobrando ação contra elas- e também por criar
condições em que as situações inaceitáveis se transformem. Ele dá ao indivíduo a dimensão poética da emoção.
Isso me leva a Henry David Thoreau e "A Desobediência Civil", que foi também um pedagogo e o primeiro
ecologista. Essas duas obras me remetem a Milton Santos, com sua literatura de geografia humana. Ele dizia que
vivemos não uma época de comunicação, mas de informação, uma vez que comunicação é compartilhar emoção, e isso nós não fazemos. Paulo Freire costumava dizer: "Gosto de ser gente, porque com as minhas mãos eu
posso mudar o mundo". A somatória disso tudo dá um
sinônimo de Clarice Lispector na sua profundidade de
olhar o ser nas suas diversas camadas de movimentação.
Denise Stoklos é diretora de teatro e está em cartaz em SP com as peças "Calendário da Pedra" e "Vozes Dissonantes", no Teatro Folha, e
"Louise Bourgeois - Faço, Desfaço, Refaço", no Sesc Belenzinho.
A obra
"Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire. 148 págs., R$ 9,00.
Ed. Paz e Terra (tel. 0/xx/11/3337-8399).
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