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Militância de frades esvaziou igreja
da Redação
Não foram só os religiosos envolvidos com a ALN que sofreram consequências na vida pública. Os que não se envolveram
também tiveram problemas.
Houve casos de religiosos que
foram pressionados pela sociedade ou pelo Exército por seguirem uma tendência mais progressista na igreja.
O arcebispo de João Pessoa
(PB), d. Marcelo Pinto Carvalheira, chegou a ser preso, acusado de participar do grupo de
frei Betto. Ele diz, no entanto,
que teve apenas alguns contatos
com o dominicano.
D. Marcelo ficou 51 dias presos, foi libertado, mas levou o
estigma de "subversivo".
Em 72, foi nomeado bispo de
uma cidade do Nordeste -que
ele não revela o nome-, mas
devido ao seu passado, o Exército local e um grupo de fiéis não
permitiram que assumisse. "Fizeram pressão contra mim. Me
chamaram de comunista, subversivo. Para não causar mais
problemas, acabei decidindo
não assumir o cargo."
Três anos depois, ele finalmente assumiu sem problemas
o arcebispado de outra cidade,
Guarapira (PB).
Frei Sérgio Calixto Valverde se
ordenou em dezembro em 69,
época em que o Convento dos
Dominicanos em São Paulo começou a sofrer um "esvaziamento". Só em 75, por exemplo, voltou a ter ordenações.
"O fato de haver dominicanos
presos, acusados de subversão,
espantou os fiéis e os futuros
candidatos a frades. Falavam
que nós éramos traidores. Os
pais não queriam ver seus filhos
se ordenando com "terroristas'±", afirma frei Sérgio.
Um exemplo desse isolamento
foi a própria igreja São Domingos, no bairro de Perdizes, em
São Paulo. O local vivia lotado
nas missas de domingo. "Após
as prisões, chegamos a celebrar
missa para um fiel ou dois",
conta.
(LE)
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