São Paulo, domingo, 10 de novembro de 2002

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+ daltonianas

  51
Do amor desprezado fiquei mudo, surdo e cego. Mudo porque você não me fala. Surdo porque não me ouve. Cego porque não me vê.

    53
À passagem da moça de terninho branco e óculo de sol todos os cães de Curitiba correm aos portões uivando e ganindo o teu louco amor.

      59
No banco da praça uma gorda grotesca oferece a coxa grossa. Girando a ponta da língua, sorri a todos que olham. E, sem errar o ponto, tricoteia - com que arte! - uma blusinha de lã.

        74
- Ai, feliz era eu quando tinha ali na cama três bombons recheados de licor: a tua boquinha vermelha em coração, o teu peitinho branco em flor, esse teu púbis de asinhas douradas de colibri.

          149
- Quem podia com esse aí? Aos 11 anos, um caso passional com certa galinha carijó. O bolso esquerdo sempre furado pela mão viageira. Furtava as moedas no cofrinho da irmã. Bebia, jogava, seduzia criadinha. Do Colégio Marista fugiu travestido de padre. Tinha três noivas na mesma cidade. Reinou mais que Dom Pedro 1º. E tudo pagou ao casar com a Gracinha.

Narrativas extraídas de "Pico na Veia"


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