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Jornais sobem tom de crítica a ação israelense
DE LONDRES
DE NOVA YORK
DE PARIS
Em duas semanas de
conflito, a operação
militar israelense na
faixa de Gaza assistiu a uma
rápida queda de popularidade na imprensa internacional, especialmente depois do
ataque, na terça-feira, a uma
escola da ONU, onde morreram 43 pessoas.
Apesar de exceções como
o "Times", de Londres, cujo
principal título para o assunto no dia seguinte foi apenas
"Israel concorda em abrir
corredor humanitário depois que escola da ONU é
atingida", o tom geral nos
principais jornais do exterior é de que a reação israelense, embora baseada em
interesses legítimos de segurança, é desproporcional.
O "Daily Telegraph", também de direita, já tinha reconhecido essa desproporcionalidade, quando cerca de
400 palestinos haviam morrido, contra 4 israelenses.
Ainda no Reino Unido, os
jornais mais à esquerda, como o "Guardian" e o "Independent", foram críticos à
ação desde o começo.
Nos EUA, o apoio ao direito israelense de reagir aos
ataques do Hamas dividiu o
espaço, em editoriais no
"Washington Post" e no
"New York Times", com a
opinião de que as táticas
usadas têm chances limitadas de sucesso a longo prazo.
Havia empatia com os israelenses, mas pouca simpatia com a ofensiva. Ficou clara ainda a impaciência com o poder do Hamas: "Não há
justificativa para os ataques
do Hamas e sua virulenta
oposição [à existência de Israel]" repetiu o "New York
Times" em dois editoriais.
Fogo amigo
No "Washington Post", o
foco foi o relato humanitário
e nas vítimas. O Hamas foi
chamado de "grupo islâmico" (com pouca menção a
terrorismo) e o lançamento
de foguetes contra Israel
costumava ficar na segunda
metade da narrativa. A cobertura é dura: "Israel rejeitou apelos pelo cessar-fogo
apesar de o número de mortos não parar de subir".
Já os jornais franceses deram destaque à iniciativa do
presidente Nicolas Sarkozy
propondo a negociação para
a paz. O "Libération", crítico
da gestão Sarkozy, afirmou
em editorial: "É preciso saudar o dinamismo de nossa
onipresença, que, certamente, contribuiu para avançar
as negociações no Oriente
Médio". Para o "Libé", a
ofensiva israelense é "cruel".
O "Le Figaro", de centro-direita, culpou o Hamas pelo
insucesso diplomático: "O
Hamas é contra o plano franco-egípcio".
Mais ponderado, o "Le
Monde" argumentou que
não seria necessária uma
ação militar tão brutal se
houvesse sido dada ao grupo
uma chance de diálogo.
(PEDRO DIAS LEITE, ANDREA MURTA E
CÍNTIA CARDOSO)
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