São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Jornais sobem tom de crítica a ação israelense

DE LONDRES
DE NOVA YORK
DE PARIS

Em duas semanas de conflito, a operação militar israelense na faixa de Gaza assistiu a uma rápida queda de popularidade na imprensa internacional, especialmente depois do ataque, na terça-feira, a uma escola da ONU, onde morreram 43 pessoas.
Apesar de exceções como o "Times", de Londres, cujo principal título para o assunto no dia seguinte foi apenas "Israel concorda em abrir corredor humanitário depois que escola da ONU é atingida", o tom geral nos principais jornais do exterior é de que a reação israelense, embora baseada em interesses legítimos de segurança, é desproporcional.
O "Daily Telegraph", também de direita, já tinha reconhecido essa desproporcionalidade, quando cerca de 400 palestinos haviam morrido, contra 4 israelenses. Ainda no Reino Unido, os jornais mais à esquerda, como o "Guardian" e o "Independent", foram críticos à ação desde o começo.
Nos EUA, o apoio ao direito israelense de reagir aos ataques do Hamas dividiu o espaço, em editoriais no "Washington Post" e no "New York Times", com a opinião de que as táticas usadas têm chances limitadas de sucesso a longo prazo.
Havia empatia com os israelenses, mas pouca simpatia com a ofensiva. Ficou clara ainda a impaciência com o poder do Hamas: "Não há justificativa para os ataques do Hamas e sua virulenta oposição [à existência de Israel]" repetiu o "New York Times" em dois editoriais.

Fogo amigo
No "Washington Post", o foco foi o relato humanitário e nas vítimas. O Hamas foi chamado de "grupo islâmico" (com pouca menção a terrorismo) e o lançamento de foguetes contra Israel costumava ficar na segunda metade da narrativa. A cobertura é dura: "Israel rejeitou apelos pelo cessar-fogo apesar de o número de mortos não parar de subir".
Já os jornais franceses deram destaque à iniciativa do presidente Nicolas Sarkozy propondo a negociação para a paz. O "Libération", crítico da gestão Sarkozy, afirmou em editorial: "É preciso saudar o dinamismo de nossa onipresença, que, certamente, contribuiu para avançar as negociações no Oriente Médio". Para o "Libé", a ofensiva israelense é "cruel".
O "Le Figaro", de centro-direita, culpou o Hamas pelo insucesso diplomático: "O Hamas é contra o plano franco-egípcio".
Mais ponderado, o "Le Monde" argumentou que não seria necessária uma ação militar tão brutal se houvesse sido dada ao grupo uma chance de diálogo.


(PEDRO DIAS LEITE, ANDREA MURTA E CÍNTIA CARDOSO)


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