São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Índice

+ poema
Casa-Grande & Senzala
de Manuel Bandeira
Auto-caricatura de Gilberto Freyre
 

“Casa-Grande & Senzala”
Grande livro que fala
Desta nossa leseira
Brasileira.

Mas com aquele forte
Cheiro e sabor do Norte
— Dos engenhos de cana
(Massangana!)

Com fuxicos danados
E chamegos safados
De mulecas fulôs
Com sinhôs!

A mania ariana
Do Oliveira Viana
Leva aqui a sua lambada
Bem puxada.

Se nos brasis abunda
Jenipapo na bunda,
Se somos todos uns
Octoruns,

Que importa? É lá desgraça?
Essa história de raça,
Raças más, raças boas
— Diz o Boas —


É coisa que passou
com o franciú Gobineau.
Pois o mal do mestiço
Não está nisso.

Está em causas sociais,
De higiene e outras que tais:
Assim pensa, assim fala
Casa-Grande & Senzala.


Livro que à ciência alia
A profunda poesia
Que o passado revoca
E nos toca

A alma do brasileiro,
Que o portuga femeeiro
Fez e o mau fado quis
Infeliz!

 
Do livro “Mafuá do Malungo”, em “Estrela da Vida
Inteira”, de Manuel Bandeira (Ed. Nova Fronteira)


Texto Anterior: #PREENCHA O TITULO AQUI#
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.