São Paulo, Domingo, 12 de Setembro de 1999
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COM TODAS AS LETRAS

A casa da linguagem

da Reportagem Local

"Nós não vivemos sem a palavra. Nada substitui a palavra."
Essas frases poderiam resumir, a grosso modo, a palestra que o poeta, escritor e ensaísta Carlos Nejar proferiu no auditório da Folha em 9 de agosto.
A conferência "A Infância do Futuro - Poesia e Ficção" fez parte do ciclo "Com Todas as Letras", promovido pelo jornal e pela Academia Brasileira de Letras, na qual Nejar ocupa a cadeira número quatro desde 1988.
O poeta é autor, entre outros, dos livros "Os Dias pelos Dias" (Topbooks), "O Túnel Perfeito" (Relume-Dumará) e "A Genealogia da Palavra" (Iluminuras).
Citando a Bíblia e Goethe, Nejar defendeu que a palavra vem antes de tudo. "Goethe diz que no início era a ação, mas a ação só existiu porque antes de tudo existiu a palavra. Era a palavra que assoprava sobre as coisas e, então, as coisas passavam a existir."
A explicação ajuda a esclarecer o título da palestra. "A língua da poesia é a de nomear. No futuro, tudo é nomeado de novo. E o tempo desencadeia nova infância. E a infância designada pode já ser o fim da velhice e o revigorar de outra infância, pelo simples fato de tudo se mudar em palavra, de tudo ser palavra", afirmou. "A infância do futuro é a plenitude da maturidade, como um rosto a que a natureza apenas dá acabamento, vivendo", complementou.
O autor também falou sobre gêneros literários. "Para mim, tanto o poema como o romance habitam na casa da linguagem. Pode-se trabalhar o poema, o romance, o teatro e até o ensaio, porque a poesia abrange o universo e nela tudo é linguagem".


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