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COM TODAS AS LETRAS
A casa da linguagem
da Reportagem Local
"Nós não vivemos sem a palavra. Nada substitui a palavra."
Essas frases poderiam resumir,
a grosso modo, a palestra que o
poeta, escritor e ensaísta Carlos
Nejar proferiu no auditório da
Folha em 9 de agosto.
A conferência "A Infância do
Futuro - Poesia e Ficção" fez parte
do ciclo "Com Todas as Letras",
promovido pelo jornal e pela Academia Brasileira de Letras, na
qual Nejar ocupa a cadeira número quatro desde 1988.
O poeta é autor, entre outros,
dos livros "Os Dias pelos Dias"
(Topbooks), "O Túnel Perfeito"
(Relume-Dumará) e "A Genealogia da Palavra" (Iluminuras).
Citando a Bíblia e Goethe, Nejar
defendeu que a palavra vem antes
de tudo. "Goethe diz que no início
era a ação, mas a ação só existiu
porque antes de tudo existiu a palavra. Era a palavra que assoprava
sobre as coisas e, então, as coisas
passavam a existir."
A explicação ajuda a esclarecer
o título da palestra. "A língua da
poesia é a de nomear. No futuro,
tudo é nomeado de novo. E o tempo desencadeia nova infância. E a
infância designada pode já ser o
fim da velhice e o revigorar de outra infância, pelo simples fato de
tudo se mudar em palavra, de tudo ser palavra", afirmou. "A infância do futuro é a plenitude da
maturidade, como um rosto a que
a natureza apenas dá acabamento, vivendo", complementou.
O autor também falou sobre gêneros literários. "Para mim, tanto
o poema como o romance habitam na casa da linguagem. Pode-se trabalhar o poema, o romance,
o teatro e até o ensaio, porque a
poesia abrange o universo e nela
tudo é linguagem".
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