|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O POETA E CRÍTICO RELEMBRA OS ÚLTIMOS DIAS DE VIDA
DO IRMÃO, MORTO EM 16 DE AGOSTO, O PROJETO COMUM DE TRADUZIREM A "DIVINA COMÉDIA" E A IRRITAÇÃO QUE DEMONSTRAVA POR AINDA SER CHAMADO DE CONCRETISTA
HAROLDO
IRMÃO SIAMESMO
Arquivo Pessoal
|
Haroldo e Augusto de Campos, em 1991 (acima); na pág. ao lado, carimbo do "Escritório Irmãos Campos" e dedicatória de Oswald de Andrade |
Adriano Schwartz
Editor do Mais!
Nos últimos dois ou três anos, sempre que ligava para o Mais!,
Haroldo de Campos dizia estar preparando uma ampla e polêmica revisão da poesia brasileira, "Diacronia em Pânico",
um texto que em breve ele enviaria para publicação. Não
houve tempo. Em dois dias se completará o primeiro mês da morte do
poeta, tradutor e crítico literário.
Esse era apenas um dos projetos de Haroldo. Depois de verter toda a
"Ilíada" para o português, ele chegou a planejar, como conta seu irmão, Augusto de Campos, a transposição integral da
"Divina Comédia". Também não houve tempo. Os cantos traduzidos
por ele, no entanto, foram suficientes para Umberto Eco considerá-lo
o "mais importante tradutor moderno de Dante".
Trabalhador quase obsessivo, como relata Trajano Vieira [leia à pág.
6], crítico e teórico fundamental, como atesta Leyla Perrone-Moisés, Haroldo estará na memória dos que o conheceram por
muitas razões e de diferentes modos. Talvez um dos melhores, contudo, seja aquele proposto pelo escritor Cabrera Infante:
"Sua lembrança, porque viva, é dolorosa e permanente, mas devemos
lembrá-lo vivo e às gargalhadas".
Texto Anterior: Capa 14.09 Próximo Texto: Percebi que a coisa era grave quando... Índice
|