São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009 |
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+(c)omportamento Laços de sangue Ingresso das mulheres nas universidades inglesas pode ter enfraquecido os trotes violentos, diz Peter Burke
ERNANE GUIMARÃES NETO
O trote, hoje, conseguiu tornar algumas universidades
brasileiras equivalentes às melhores
da Europa -mas da Europa do
século 17. Para o historiador
britânico Peter Burke -especialista em história cultural e
professor emérito de Cambridge-, a evolução histórica desses "rituais de iniciação" pode
ser esclarecedora.
Na entrevista abaixo, o colunista da seção "Autores", do
Mais!, que iniciou seus estudos
em Oxford nos anos 1950, sugere que o fim dos trotes violentos em seu país pode estar ligado à entrada das mulheres no
meio universitário.
No Brasil, onde o trote ainda
é visto como um sinal de prestígio pelos próprios calouros, a
vontade de mostrar tradição
pode ser um estímulo à agressividade: "As mais antigas e prestigiosas instituições é que se
apegam à tradição, possivelmente para lembrar a todos de
que se trata de velhas faculdade", acrescenta Burke. FOLHA - Por que, historicamente,
as vítimas de trotes não protestam? FOLHA - O que esses "atos de iniciação" podem dizer sobre a sociedade em que estão inseridos?
FOLHA - Num artigo de 2001 ("Bricolagem de tradições", Mais!, 18/3),
o sr. parafraseia Eric Hobsbawm, para quem "o final do século 19 foi um
período em que tradições, principalmente rituais e festivais, foram criadas por instituições novas como forma de legitimar um apelo ao passado". A violência do trote brasileiro é
inversamente proporcional à tradição e ao respeito representados pelas instituições acadêmicas?
FOLHA - O sr. vê o trote nas universidades brasileiras mais como uma
tentativa de reconhecer um grupo
de elite, como na antiga tradição militar, ou como um entretenimento
sadomasoquista contemporâneo?
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