São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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GLOBALIZAÇÃO

Paul Singer: "Estou inteiramente de acordo com o fato de que a globalização pode ser referida desde os anos das navegações. (...) Os entusiastas da globalização gostam de citar enormes valores absolutos. São trilhões de dólares para cá, trilhões para lá. Se você faz uma análise comparativa histórica, você vê que, efetivamente, esse estágio em que nós nos encontramos hoje é muito diferente daquele do final do ano passado. A grande novidade é a presença de multinacionais".

Yoshiaki Nakano: "Em relação à globalização, dizer que esse é um fenômeno antigo ou a repetição daquilo que aconteceu no final do século passado é uma grande besteira. Porque é evidente que, se você olhar friamente algumas estatísticas de comércio internacional etc., você pode até chegar à conclusão de que no passado as economias eram mais abertas e que havia um grande movimento de comércio e investimento entre as nações. Mas o processo de globalização que estamos vivendo neste final de século é um fenômeno histórico específico".

Aloízio Mercadante: "Eu acho que o Brasil não pode continuar nessa inserção passiva e subordinada ao processo de globalização, promovida por esse ideário neoliberal que se sustenta nessa aliança conservadora e coordenada pelo Fernando Henrique Cardoso. Eu acho que o Brasil tem que procurar uma presença soberana no cenário internacional".

José Serra: "O processo de integração econômica em escala internacional é antigo e a partir dos grandes descobrimentos passou a ser mais contínuo. Há fases de expansão e de contração, mas a tendência de longo prazo sempre foi a do aprofundamento. (...) Hoje, na economia internacional, é assombroso o descolamento da esfera financeira do lado real. Devemos ter US$ 1,5 trilhão circulando por dia no mundo, sendo que pelo menos 95% não estão vinculados a comércio ou investimentos".

Fernando de Holanda Barbosa: "O que os países asiáticos fizeram e o que nós não fizemos foi copiar um grande número de instituições dos países avançados. Nesse tipo de modelo, você admite que todo mundo tem acesso à mesma tecnologia. Nessas condições, há divergências. Cabe aqui a seguinte pergunta: será que o trabalhador brasileiro, que está sendo treinado por esse sistema de educação, é capaz de adotar essa nova tecnologia? Tenho dúvidas".


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