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Vale por um bifinho
PESQUISADORA DA EMBRAPA DIZ QUE COMMODITY SERÁ A MATÉRIA-PRIMA DOS PRÓXIMOS SÉCULOS
Hoje, quase todas as grandes indústrias de alimento têm uma linha à base de soja
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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Produto que compõe a
dieta alimentar do
brasileiro, a soja possui, segundo a pesquisadora do Centro
Nacional de Pesquisa de Soja
da Embrapa Mercedes Carrão
Panizzi, características que a
fazem benéfica para o consumo humano: é fonte de proteínas, minerais e compostos
bioativos.
Em entrevista à Folha, diz
também que alguns trabalhos
de pesquisa "têm mostrado que
a soja pode atuar na redução do
colesterol".
Panizzi ressalta ainda que a
soja geneticamente modificada
não apresenta desvantagens.
"A obtenção de melhores variedades favorecem produtores
pela redução no uso de insumos e pelo aumento de rendimento. Os consumidores são
favorecidos pela melhor qualidade dos produtos."
Na entrevista abaixo, ela diz
que o consumo de alimentos à
base de soja tem crescido nos
EUA e na Europa, apesar de o
grande negócio envolvendo esse grão no Brasil e no mundo
ainda ser o do fornecimento de
matéria-prima para a composição de ração animal.
A soja também é usada em
produtos como o biodiesel, lubrificantes, tintas, plásticos e
cosméticos. Por isso, argumenta, "podemos afirmar que a soja
pode ser a matéria-prima dos
próximos séculos".
FOLHA - A soja será o "novo trigo",
pela sua potencial importância na
cadeia alimentar?
MERCEDES CARRÃO PANIZZI - Prefiro dizer que não será o trigo,
porque também precisamos do
trigo, e sabemos que da combinação de leguminosas (soja) e
cereais (trigo) temos a oferta de
proteínas de alta qualidade, semelhante às proteínas de origem animal.
Entretanto, podemos afirmar que a soja poderá ser a matéria-prima dos próximos séculos.
Pois é uma das únicas plantas
produzidas em larga escala que
podem fornecer matéria-prima
para a produção de alimentos e
também pode ser utilizada em
produtos industriais não-alimentares, tais como lubrificantes, tintas, plásticos e cosméticos, além de também poder ser
fonte de energia (biodiesel).
FOLHA - Quais as consequências da
soja geneticamente modificada para produtores e consumidores?
PANIZZI - Sempre que se faz
melhoramento genético por
meio de métodos tradicionais
ou por meio da biotecnologia, o
objetivo é aperfeiçoar o desempenho da planta para o aumento de rendimento e adaptação.
Isso pode ser conseguido pela melhora de características da
planta ou pela tolerância a diferentes "estresses" (bióticos e
abióticos).
Vários componentes de qualidade podem ser modificados
por melhoramento genético
clássico ou por biotecnologia. A
obtenção de melhores variedades favorecem produtores pela
redução no uso de insumos e
pelo aumento de rendimento.
Os consumidores são favorecidos pela melhor qualidade
dos produtos.
Na minha opinião, não há
desvantagens, porque todo o
trabalho é conduzido para a obtenção de melhores variedades
-as quais só são lançadas após
extensivas avaliações, que são
ainda mais rigorosas para a soja
geneticamente modificada.
FOLHA - Qual o papel da soja na
economia alimentar no Brasil?
PANIZZI - O grande negócio da
soja no Brasil e no mundo ainda
é ser matéria-prima para a
composição de ração animal.
Entretanto, o uso da soja e de
seus derivados devem agregar
valor nutricional nos alimentos, como também, dependendo dos custos de processamento, podem, em alguns casos,
fornecer alimentos mais econômicos para a população.
FOLHA - Quais as vantagens da utilização da soja como alimento?
PANIZZI - A soja é fonte de proteínas de excelente qualidade
(boa composição de aminoácidos), além de ser fonte de minerais e de compostos bioativos,
tais como isoflavonas e saponinas, entre outros, que são benéficos para a saúde humana.
Tecnologias de processamento adequadas transformam a soja em produtos com
qualidade e boa aceitabilidade
pelos consumidores, como no
caso das bebidas à base de extrato de soja.
Alguns trabalhos mostram
que a soja pode atuar na redução do colesterol.
É, portanto, um alimento
disponível no Brasil, que é o segundo produtor mundial, e deveria ser mais consumido pela
população.
FOLHA - O que falar do uso da soja
na culinária de países como China,
Japão e Coreia do Sul?
PANIZZI - A soja é uma leguminosa utilizada há milênios no
Oriente como constituinte de
diferentes pratos da culinária
daqueles países.
Entre esses pratos tradicionais, tem-se os fermentados,
como shoyu, miso e natto, por
exemplo.
Todos esses pratos demandam variedades de soja com características específicas.
O processo de fermentação
também agrega alguns aspectos nutricionais importantes,
como biodisponibilidade de alguns minerais, de vitaminas e
de compostos bioativos.
FOLHA - Qual a relevância e a taxa
de consumo de alimentos feitos à
base de soja nos EUA e na Europa?
PANIZZI - Observa-se um crescimento muito significativo no
consumo de alimentos à base
de soja nos EUA e em países europeus, algo que também vem
acontecendo no Brasil. O de bebidas à base de extrato de soja,
por exemplo, cresce cerca de
25% ao ano. Esse crescimento
se deve ao processamento tecnológico adequado, o qual permite a obtenção de produtos de
excelente qualidade.
Atualmente, quase todas as
grandes indústrias de alimento
têm uma linha à base de soja.
Também se observa uma constante disponibilidade de novos
produtos alimentares à base de
soja no mercado.
Folha Online
Conheça receita de
hambúrguer de soja da
chef Rita Taraborelli feita
para o restaurante Maní,
de São Paulo, em
www.folha.com.br/091349
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