São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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Liberdade desassistida

N as épocas de repressão, o sexo era uma felicidade porque ocorria às ocultas e era a derrisão de todos os deveres e obrigações que o poder impunha.
Ao contrário, nas sociedades tolerantes, como se proclama esta em que vivemos, o sexo é necrosante porque a liberdade concedida é falsa e porque é concedida de cima, e não conquistada a partir de baixo.
Portanto, não se trata de viver uma liberdade sexual, mas de se adequar a uma liberdade que é concedida.
Então, a certa altura do filme, uma das personagens dirá exatamente isto: "As sociedades repressivas reprimem tudo, portanto os homens podem fazer tudo".
Mas acrescentei este conceito que para mim é lapidar: as sociedades permissivas permitem qualquer coisa, e só se pode fazer essa qualquer coisa. O que é terrível! Hoje na Itália se pode fazer qualquer coisa.
Antes, na realidade, nada era permitido. As mulheres viviam quase como nos países árabes.
O sexo era escondido: não se podia falar, não se podia nem sequer mostrar meio peito nu numa revista. Agora permitem qualquer coisa, permitem fotos de mulheres nuas, mas não de homens.


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