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7. Aula de ética
Polícia que mais mata no
Brasil, freqüentemente acusada de abuso de violência e corrupção, a PM do Rio só oferece
12 horas de "Ética e Direitos
Humanos" na formação básica.
A cadeira ocupa 1% das 1.160
horas de instrução, embora seja
uma das 20 matérias avaliadas
com prova. "São 12 horas: é
pouco. E vocês sentirão falta,
porque é a única aula em que
podem falar", reconhece o professor, civil. No primeiro dia,
debate-se "a ética no país" e as
instituições. "Ainda estou verificando qual será o conteúdo."
O instrutor ensina: "Se alguém vier alegar que é representante dos direitos humanos,
o PM pode se colocar também
como profissional dos direitos
humanos."
Em outra aula, diz que "não
posso cobrar do PM ética e moral se sou o primeiro a oferecer
R$ 10 quando sou parado." Diz
que os políticos mudam leis para se favorecerem e questiona
quem defende a descriminalização da maconha. "É porque
"meu filho não pode ser preso"."
Fim do mundo
Em outra aula, propõe um
exercício: o mundo acabará e é
preciso escolher três pessoas
que ficarão em um abrigo por
20 anos, para perpetuar a humanidade, entre as seguintes:
uma menina de 14 anos; uma
prostituta de 18; um cadeirante
de 19; uma homossexual de 17;
uma religiosa extremista de 18;
um soropositivo, também de
18; um PM de 22, condenado
por estupro; um homem de 60;
um traficante e usuário de 18;
um ditador e genocida de 19.
Todos escolheram a menina,
em idade reprodutiva e com
"poucos vícios"; muitos optaram pelo PM; pelo homem de
60, por "ter experiência" e "sabedoria"; outros elegeram a religiosa, de "valores"; o traficante teve votação, crença na regeneração; poucos escolheram o
cadeirante e nenhum grupo incluiu o genocida, embora um
aluno o tenha defendido para
"organizar".
Ninguém quis o soropositivo.
A prostituta foi selecionada para "divertir" os homens e "reproduzir".
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