MARINA PERSON
ESPECIAL PARA A FOLHA

Lembro da primeira vez que li Machado de Assis, no colégio. De cara, gostei do estilo do autor. O livro era "Helena". Mas meu fascínio por Machado [1839-1908] nasceu depois que li sua primeira obra realista, "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Que idéia, colocar um defunto como narrador! Aquilo de que eu mais gosto em seu livros é que não me canso relê-los.
Adoro a ironia, os comentários sobre a sociedade brasileira, para entender de onde viemos. E a última frase do livro, inesquecível: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria". Tem idéia mais perturbadora?