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"Sua mediocridade, minha nulidade"
Paris, 27 de janeiro de 2008
O debate?
Três pistas possíveis, meu caro Michel Houellebecq.
Pista número 1. Bravo. Está tudo aí. Sua mediocridade.
Minha nulidade. Esse nada sonoro que ocupa o lugar de nossos
pensamentos. Esse gosto que temos pela comédia, quando não
pela impostura. Há 30 anos me pergunto como um sujeito como
eu conseguiu, e consegue, iludir. Trinta anos que, cansado de esperar o bom leitor que saberá me desmascarar, eu multiplico as
autocríticas vãs, sem talento, inofensivas.
E aí estamos. Graças ao senhor, com sua ajuda, talvez eu consiga. Sua vaidade e a minha. Minha imoralidade e a sua. [...]
Pista número 2. O senhor, está bem. Mas por que eu? Por que eu
entraria, afinal, nesse exercício de autodifamação? E por que o
acompanharia nesse gosto que o senhor manifesta pela autodestruição fulminante, amaldiçoante, mortificada?
Eu não gosto do niilismo. Detesto o ressentimento e a melancolia que o acompanha. E penso que a literatura só serve para contrariar esse depressionismo que é, mais que nunca, a palavra-chave de nossa época.
(BERNARD-HENRI LÉVY)
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