São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2002

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+ personagem

Em cartaz em SP, "A Descoberta do Mundo", montada por alunas recém-formadas do Teatro Escola Célia Helena, é uma adaptação do romance "A Paixão segundo G.H.", de Clarice Lispector (1920-77). A direção é de Marco Antonio Rodrigues, que fala sobre a peça na entrevista a seguir.

Por que a opção de desmembrar o papel principal entre sete atrizes?
Porque o papel, além de ser principal, é único. A obra em que a peça se baseia é "A Paixão segundo G.H.", solilóquio de uma mulher que se confina em seu apartamento refletindo sobre a relação humana a partir da que mantém com sua empregada, a barata da casa, que deixara o emprego no dia anterior. Daí o desdobramento, já que as "personagens" são projeções da sua cabeça, contracenando...
O fato de as atrizes serem novas ajudou ou dificultou?
Este é um trabalho de teatro-dança, ou seja, além de exigir musculatura cerebral, por se tratar de uma Clarice Lispector, pede uma boa disponibilidade física. A juventude delas, somada a seus talentos, formosura, disciplina e vontade é o que pode haver de melhor no espetáculo.
O caráter introspectivo do texto foi um empecilho à sua recriação cênica?
O texto é introspectivo a partir de um olhar sobre o mundo, que é ao mesmo tempo generoso e dolorido. Logo a reflexão dela deixa de ser pessoal, portanto rigorosamente introspectiva. Só a idéia da existência da sua antagonista no texto -a empregada-barata-empregada- já nos enoja e contamina a todos, não é verdade? Temos dois caminhos: eliminar o ser abjeto ou a condição abjeta dos seres...


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