São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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5 heróis tímidos da literatura

Lucy Snowe ("Villette")
"Villette" (1853) foi o último romance completo escrito por Charlotte Brontë, e Lucy Snowe é a mais complexa heroína da autora. Ela é uma garota tímida e reclusa que guarda um amor poderoso e não-correspondido por um amigo de infância, que só revelará anos mais tarde, já adulta. Extraordinariamente inteligente, identifica-se com atrizes e figuras históricas fortes e mesmo agressivas, como Cleópatra.

Silas Marner ("Silas Marner")
Romance de 1861 de George Eliot. Marner é um tecelão tímido, solitário, mas de bom coração, traído por sua noiva e seu melhor amigo bem como pela comunidade religiosa à qual pertencia.
É exilado por causa de um "crime" que na verdade foi seu amigo quem cometeu. É ridicularizado e roubado por uma segunda comunidade em que tenta ingressar, mas encontra consolo e amor servindo como guardião de uma pequena menina, Eppie. Fascinante reflexão sobre os aspectos mais agressivos e traiçoeiros dos grupos e das comunidades rurais.

Laura Wingfield ("O Cativeiro de Vidro")
Peça de 1944 de Tennessee Williams. Trata-se de um drama familiar melancólico: Laura, vagamente inspirada em Rose, irmã de Williams, é mais doentia e perturbada que simplesmente tímida.
Ela é dolorosamente frágil, depois de uma doença de infância que a deixou coxa, e prefere seus discos e sua coleção de figuras de vidro a qualquer contato real com o mundo exterior. Seu irmão, vagamente inspirado no autor, tenta deixar para trás tanto ela quando o lar sufocante, mas é assombrado pela culpa depois de fazê-lo.

Boo Radley ("O Sol É para Todos")
Romance de 1960 de Nelle Harper Lee [ed. José Olympio]. Radley é uma intrigante meia-presença ao longo da obra de Lee, um romance sobre crescer no Alabama durante a Grande Depressão.
Como Silas Marner, Radley é recluso e atrai atenção e mexericos por causa de sua timidez. Diferentemente de Marner, ele nunca aparece no romance; conseqüentemente, as crianças que passam por sua casa criam uma mística poderosa a respeito dele, tentando assustar umas às outras com histórias grotescas sobre a malevolência e o potencial de lhes causar mal que aparenta.

Professor Cottard ("Em Busca do Tempo Perdido")
Romance de Marcel Proust publicado entre 1913 e 1927.
Cottard é uma personagem fascinante e altamente inteligente da obra semiautobiográfica de Proust. Tímido e acanhado, ele se reprime em ocasiões sociais.
Por tal razão, Cottard refreia sua carreira, quando um homem menos reflexivo tentaria avançar. Já houve um debate considerável sobre se ele é um amálgama de diversos médicos que Proust conheceu ou se é, simplesmente, uma contrapartida ficcional do dr. Jules Cotard, colega de turma do pai de Proust que, como o Cottard do romance, é sério, reflexivo e preza a devoção à família em detrimento da carreira.



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