São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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A falsa carta do rei da Prússia

(escrita por Walpole, com colaboração de Hume)

Meu caro Jean-Jacques,
Você renunciou a Genebra, sua terra natal; foi expulso da Suíça, país que elogiou tanto em seus escritos; na França, foi proibido. Venha então a mim; admiro seus talentos; divirto-me com seus devaneios, aos quais, diga-se de passagem, você dá atenção e tempo demais.
Já é mais que hora de ser feliz e prudente. Você já é muito falado por causa de idiossincrasias que não cabem a um homem verdadeiramente grande. Mostre a seus inimigos que às vezes pode ter bom senso; isso os irritará sem que lhe faça mal. Meus domínios lhe oferecem um refúgio pacífico; quero-lhe bem, far-lhe-ei bem, se isso bem lhe parecer. Mas, se você se obstinar em recusar minha ajuda, saiba que não direi palavra a ninguém. Se insistir em ficar procurando novos infortúnios, faça o que quiser. Sou rei e posso fazê-lo tão infeliz quanto você quiser; mas, o que seus inimigos jamais farão, pararei de persegui-lo quando você deixar de se gabar de ser perseguido.
Seu bom amigo,
Frederico.


Tradução de RENATO JANINE RIBEIRO.


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