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UNIVERSIDADES FORA DE FOCO
DA REDAÇÃO
Naquela que foi a maior greve da história da categoria, professores das universidades federais
cruzaram os braços por mais de cem dias, até
dezembro de 2005, por melhores salários.
A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, uma
das ilhas de excelência do ensino superior privado, foi
obrigada a adotar no fim do ano passado um duro plano
de ajuste para tentar reduzir um déficit mensal de R$ 4
milhões e uma dívida que chega a R$ 82 milhões. Entre as
medidas adotadas pela instituição, que desde 2003 paga
os salários em atraso, estão o corte nos vencimentos e a
demissão de professores.
Já a Fundação Getúlio Vargas de SP, outro expoente do
ensino superior pago, demitiu um reconhecido professor
de direito que pretendia se licenciar para realizar atividades ligadas à pesquisa. Na decisão da FGV -que provocou um abaixo-assinado internacional com nomes como
o do prestigiado filósofo alemão Jürgen Habermas- não
é tanto o dinheiro que incomoda -afinal, ela paga, em
média, 100% a mais que a USP para professores doutores-, mas uma opção pelo ensino em detrimento da
pesquisa, uma das marcas das universidades de primeira
linha em qualquer parte do mundo.
E, como pano de fundo desses três casos envolvendo
instituições top, toma vulto cada vez mais a criação e expansão de instituições particulares pouco preocupadas
com a qualidade. Apenas entre 1999 e 2002, o número
dessas instituições mais que dobrou, chegando a 1.125.
A Folha convidou três importantes intelectuais para
discutir esse cenário complexo, percorrido pelas tensões
entre massificação ou elitismo, ensino ou pesquisa e financiamento público ou privado.
Para Gabriel Cohn, professor de ciência política da
USP, o que está em jogo hoje é "o modo de inserção da
universidade na sociedade". Já Luiz Felipe de Alencastro,
que leciona história na Universidade de Paris, discute o
confronto entre elitização e massificação nas universidades francesas.
Por fim, Gláucio Soares, professor aposentado da Universidade da Flórida, critica a opção pelo financiamento
público do ensino superior no Brasil e ataca o etos "burocrático-sindical" das universidades, algo que seria impensável nos EUA, diz.
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