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O cisma do século 21
REUNIDOS NA ACADEMIA CATÓLICA DA BAVIERA,
EM MUNIQUE, E SOB O IMPACTO DA GUERRA
DO IRAQUE, O PENSADOR JÜRGEN HABERMAS E O
CARDEAL JOSEPH RATZINGER,
ATUAL PAPA BENTO 16, ANALISAM A NOVA ORDEM
POLÍTICA E CULTURAL DO OCIDENTE
DA REDAÇÃO
Em 19 de janeiro de 2004, um inusitado debate reuniu, de um lado,
um dos pensadores mais influentes
da atualidade e, de outro, um teólogo de peso, que, pouco mais de um
ano depois, se tornaria o sucessor de
João Paulo 2º.
O encontro do filósofo Jürgen Habermas e do cardeal Joseph Ratzinger, atual papa Bento 16, ocorreu na
Academia Católica da Baviera, em
Munique, no qual se discutiram "as
bases pré-políticas e morais do Estado democrático".
Saudado como o confronto entre o
filósofo da "iluminação" e o cardeal
do dogmatismo, a discussão também tratou de temas como a complementaridade e a oposição entre
razão e fé, a crítica ao capitalismo
globalizado, a necessidade de uma
base moral nas sociedades pluralistas e midiáticas. Ratzinger, especialmente, tratou da interculturalidade,
prenunciando uma das possíveis linhas de atuação de seu papado.
Numa época em que a invasão do
Iraque pelos EUA estava no centro
das discussões, ambos debruçaram-se sobre a necessidade de o poder ser
submetido a um direito comum.
O debate (de que a Folha reproduz
trechos a seguir) tem um formato
pouco usual, em que Habermas,
herdeiro da Escola de Frankfurt (que
reuniu nomes como Adorno e Horkheimer) tece suas considerações
sobre os temas acima, enquanto
Ratzinger, por sua vez, comenta e faz
reparos às observações do filósofo.
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