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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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DOIS PESQUISADORES VIAJAM A BENIN E AO BRASIL PARA RECONSTRUIR A HISTÓRIA DOS EX-ESCRAVOS DE ORIGEM AFRICANA QUE VOLTARAM PARA SEU CONTINENTE NO SÉC. 19

A SAGA DOS RETORNADOS

Arquivo Pessoal
Ao lado, mesquita em Porto Novo (Benin), inspirada em igreja de Salvador
Arquivo Pessoal
Ruínas do engenho da Freguesia (Bahia)


Charlie Bell
e Polly Rossdale

especial para a Folha, de Londres

O clima em Londres estava insolitamente abafado e úmido na noite em que reunimos nossos amigos para fazer nossa despedida. Falou-se muito em aventura, mas talvez ninguém, muito menos nós mesmos, soubesse em que estávamos embarcando e por quê. Tínhamos simplesmente uma idéia na cabeça, que se instalou de forma precisa e persistente. Não conseguíamos definir exatamente de onde ela surgira. Queríamos apenas seguir a sua trajetória.
Para Charlie, a idéia havia despertado muitos anos atrás, durante sua primeira viagem ao Brasil. Depois de passar pelo Amazonas e por São Paulo, ele fora a Salvador, onde encontrou um outro Brasil, longe da floresta Amazônica e da avenida Paulista. Ali estava um Brasil africano que o perseguiria na sua volta à Inglaterra. Polly também sentia vontade de voltar à África Ocidental, para onde se sentira primeiramente atraída e onde fora acolhida pelos elegantes wolofs do Senegal, com quem vivera. Mas talvez a semente tenha sido realmente germinada em meio aos livros empoeirados da biblioteca da universidade, onde tivemos acesso pela primeira vez à obra de Pierre Verger; obra essa que, finalmente e de modo satisfatório, uniu nossos interesses e memórias individuais do Brasil e da África em um único projeto relacionado. Quem era essa comunidade? Como poderíamos encontrá-la, distingui-la e conhecê-la? Decidimos viajar para a costa de Benin, para investigar os vestígios quase extintos de uma chama responsável pelo maior degredo de homens e mulheres na história do tráfico transoceânico de escravos. Dois milhões de escravos -cinco vezes o número enviado aos EUA- vindos da costa de Benin, na África Ocidental, foram vendidos durante a escravatura no Brasil por traficantes europeus e brasileiros e seus parceiros africanos, incluindo os sucessivos reis de Daomé (a atual República de Benin). Acima de tudo, no entanto, queríamos encontrar os descendentes dos "retornados", aqueles que haviam voltado do Brasil para a terra natal.
Algumas semanas mais tarde, ali estávamos em uma casa de praia caindo aos pedaços, com vista para o Atlântico. Havíamos sido encaminhados para lá pelo embaixador brasileiro, que havia nos falado de uma tribo de Gana, conhecida como os tabons. Suas origens ancestrais remontavam aos escravos brasileiros alforriados. No século 19, o jovem Estado brasileiro perseguiu incessantemente as pessoas originárias da África, fossem elas escravas ou livres. Essa perseguição resultou em diversas rebeliões que culminaram na Revolta dos Malês, em 1835, liderada por escravos muçulmanos. Sob esse pano de fundo, alguns ex-escravos voltaram para a África, alguns por escolha própria, mas a maioria exilada por uma elite branca cada vez mais temerosa de que a população escrava fosse engolir a nação. Eles voltaram à África Ocidental, levando consigo aspirações e uma vívida herança cultural.
Em 1836, sete famílias deixaram São Salvador da Bahia, no navio HMS Salisbury, com destino a Acra, na Costa do Ouro, atual Gana. Operários qualificados, carpinteiros, mestres de obra e alfaiates, eles foram acolhidos pelo povo de Acra, os gas, e rapidamente adotaram o sistema tribal local. Eles são os tabons; seu nome tribal deriva do cordial cumprimento "está bom?".
Seus descendentes totalizam hoje cerca de 2.000 pessoas e se consideram brasileiros de Gana, apesar de nenhum falar português e de apenas um deles, um ajustado alfaiate aposentado, o sr. Dan Morton, ter estado no Brasil. Sem falar português, ele permaneceu em um apartamento penhorado em Copacabana durante toda a sua estada. Os tabons se dão conta, no entanto, de que podem tirar proveito de sua identidade brasileira, se conseguirem capitalizar especialmente o "turismo de raízes" norte-americano, tão evidente em outros lugares de Gana. Eles estão arrecadando dinheiro para reformar a primeira casa habitada pelos tabons. Querem transformá-la em uma sede tribal e centro de lazer.
Isso é parte de uma tentativa de rejuvenescer um aspecto de sua identidade híbrida. Todos os tabons descendem das sete famílias originais. O atual rei dos tabons, um gerente imobiliário aposentado chamado John Nelson, conhecido desde a coroação como Nii Azumah 5º, descende de uma das duas famílias reais que se alternavam no poder. Com orgulho, ele nos mostrou fotos de sua coroação há dois anos, que incluiu o sacrifício de uma ovelha, cujo sangue foi derramado sobre a perna do rei. Ele explicou mais tarde que os rituais da cerimônia, que foram adaptados do início ao fim de rituais da tribo local ga, nunca comprometeram sua noção de brasilidade.
Os tabons compartilham suas raízes brasileiras com outros africanos que voltaram e estabeleceram enclaves de língua portuguesa ao longo da costa da África Ocidental, de Gana à Nigéria, no século 19. A despeito de terem sido eles próprios escravos, muitos participaram do lucrativo, embora ilegal, tráfico de escravos. A arquitetura que introduziram em cidades maiores, prédios com sacadas adornadas na frente e atrás, se destaca do neoclassicismo brando dos franceses e ingleses, que mais tarde seriam o principal poder colonial, e das construções baixas semelhantes a caixas de concreto suspensas dos prédios modernos africanos. Também trouxeram uma vertente vibrante do catolicismo, diferente do austero catolicismo missionário em vigor desde que os portugueses fizeram sua primeira incursão pela costa, no final do século 15.


John da Costa, 77, filho de brasileiro que viajou do Rio para a África no final dos anos 1870, ficou com os olhos brilhantes ao reconhecer frases em português e lembrar da forma altiva como seu pai se comportava diante da população local


Para a maioria das pessoas nos países da África Ocidental hoje, o Brasil evoca tão somente o verde e amarelo do uniforme da seleção e os nomes de Ronaldinho ou Roberto Carlos. Mesmo aqueles que moram nas fachadas esfaceladas das antigas casas brasileiras que ladeiam o coloridíssimo mercado, antigamente o mercado de escravos, na capital de Benin, Porto Novo, nada sabem a respeito da história de suas construções, a não ser que foram feitas por "um deles", alguém ligeiramente diferente, não totalmente africano. Existem, é claro, exceções. Karim da Silva, descendente de um mercador de escravos e escravo retornado, investiu sua considerável riqueza em um museu epônimo em memória de seus ancestrais, com uma casa brasileira totalmente reformada, uma motocicleta Harley-Davidson e dois automóveis Rolls-Royce. Sua riqueza é a prova do poder desfrutado por muitos integrantes da comunidade afro-brasileira, cuja pele clara, habilidades linguísticas e modos "europeus" os tornaram figuras importantes nas administrações coloniais.
No entanto a mais próxima do estilo de vida brasileiro pode ser Agoué, uma pequena cidade localizada no litoral de Benin, no caminho para a capital de Togo, Lomé. O primeiro brasileiro, um escravo alforriado chamado Joaquim d'Almeida, chegou em Agoué em 1835 para comercializar escravos. Em sua homenagem, há um monumento com canhões. Ele fundou uma igreja católica, uma réplica da igreja do Corpo Santo, em Salvador, e logo depois outros brasileiros se juntaram a ele. Hugo Zoller, um jornalista alemão que visitara o recém-criado protetorado alemão de Togolândia em 1884, comentou que "Agoué tem o mesmo papel para velhos mercadores aposentados de escravos, sobretudo imigrantes brasileiros, que Wiesbaden (um famoso spa termal perto de Frankfurt) tem para oficiais alemães aposentados". A seguir ele se maravilha com os modos e trajes locais; mulheres vestindo a última moda parisiense, homens de gravata e o fato de que davam um baile anual chamado "La Fine Fleur d'Agoué" [A Fina Flor de Agoué]. Apesar de não restarem registros de família, com exceção de algumas fotografias, no conjunto da família Almeida sobrevivem outros traços do Brasil. John da Costa, 77, filho de um músico e carpinteiro brasileiro que viajou do Rio para a África no final dos anos 1870, ficou com os olhos brilhantes ao reconhecer frases em português e lembrar da forma altiva como seu pai e os outros brasileiros se comportavam diante da população local.
As extravagâncias de uma outra família emprestaram maior notoriedade aos afro-brasileiros de Agoué. Foi ali que, no final dos anos 1860, um mercador de escravos que se tornara homem de negócios, Francisco Olympio, estabeleceu seu lar. Casado com sete mulheres e pai de 23 filhos, esse mulato de descendência ameríndia, africana e portuguesa fundou uma dinastia que desempenhou um papel importante na política de Togo no último século. Seu filho Octaviano tornou-se uma figura-chave durante os anos do domínio francês, e seu neto Sylvanus, o primeiro africano a receber um doutorado pela Escola de Economia e Ciência Política de Londres, foi o primeiro presidente do Togo independente, em 1960. Depois de três anos de independência, ele foi tragicamente assassinado, vítima do primeiro golpe de Estado da África pós-colonial. Muitos suspeitam de que o golpe teve o apoio dos franceses, cada vez mais frustrados com a anglofilia de Olympio e com suas aspirações de controle monetário. Ele esperava criar uma nova moeda, garantida pelo Banco Central da Alemanha. Entre o grupo de soldados que executaram a emboscada para matar Olympio quando este tentava buscar refúgio na Embaixada norte-americana, estava um jovem cozinheiro do Exército chamado Etienne Eyadema. Depois de quatro anos do governo civil de Grunitski, o principal rival de Olympio, Eyadem tomou o poder no segundo golpe de Estado do país, em 1967.
Trinta e quatro anos depois, o presidente Eyadema é o mais antigo presidente em exercício na África Ocidental. Eyadema já foi o queridinho do Ocidente e anfitrião da Convenção de Lomé, que estabeleceu termos favoráveis de comércio entre a União Européia e as antigas colônias de seus Estados membros, e hoje se mantém tenazmente no poder. No momento, está processando a Anistia Internacional por difamação, depois de ter eliminado todos os dissidentes de seu governo. Gilchrist Olympio, filho de Sylvanus e principal rival presidencial de Eyadema, vive no exílio em Paris, Londres e Gana. Os Olympio continuam sendo a família política mais famosa do Togo, além de serem respeitados e ricos membros da elite. Suas origens, de mercadores de escravos brasileiros, são muitas vezes aludidas em época eleitoral para manchar sua reputação. Como fizeram com seu pai antes dele, os opositores retratam Gilchrist como sendo excessivamente pró-ocidental, disposto a escravizar o povo de Togo em prol do enriquecimento da elite urbana. Sua identidade brasileira, antes tão valorizada, tornou-se uma fenda na armadura política da família. Em 1992, durante uma visita ao reduto do presidente no norte do país, Gilchrist Olympio sofreu uma tentativa de assassinato. Em uma trágica simetria, afirma-se que os tiros foram disparados pelo filho de Eyadema.
Muitos daqueles que voltaram à África continuaram a fazer comércio pelo Atlântico e a visitar parentes. Os últimos retornados morreram nos anos 70. Hoje, as ligações físicas com o Brasil são quase inexistentes. Não há vôos diretos entre os dois países. De volta ao Senegal, esperamos pelo último navio de carga que faz a viagem de 3.700 quilômetros, levando louça de barro brasileira à África Ocidental e trazendo amendoins, carros e iates em troca. Havíamos passado meses entre pessoas para quem sua "brasilidade" detinha um papel vital, mas ao mesmo tempo indefinível em suas vidas. Ao embarcar no navio italiano Republicca di Roma, ficamos imaginando o que encontraríamos do outro lado. O que iríamos descobrir sobre a forma como Brasil havia lidado com seu passado escravista e que papel a África desempenhava nas vidas dos afro-brasileiros.
A jornada para cruzar o Atlântico levou apenas oito dias, incluindo um dia desembarcando carros amassados no porto cravejado de balas de Serra Leoa. Não havia outros navios à vista por cerca de 2.000 milhas. No ápice do tráfico de escravos, esse trecho do oceano estaria apinhado de navios negreiros que, contanto que não fossem pegos nos imprevisíveis vácuos de calmaria sem vento, percorreriam o trajeto em aproximadamente 20 dias. As esquadras britânicas começaram a patrulhar as águas por volta de 1830, e o comércio passou a ser feito às escondidas. Apesar das tentativas, entre 1830 e 1850 o comércio entre a Bahia e a "costa escrava" atingiu o seu ápice. Acredita-se que ele tenha terminado no início da década de 1850, mas encontramos provas contundentes de que, apesar de um considerável declínio, o tráfico continuou até o final dos anos 1860. Foi então substituído pelo comércio legal, e as comunidades de retornados na África continuaram a manter laços estreitos com a Bahia até que o colonialismo europeu diluiu seu poder mercantil e pôs fim a uma relação comercial que, embora fosse das mais cruéis, durara 400 anos.
Nossa primeira visão de Salvador foi de uma cidade climaticamente dividida. As fachadas cor de ocre e os campanários brancos da cidade velha elevavam-se com nuanças através da agradável chuva de verão. Mas em meio aos condomínios da Barra, que se elevavam como um feixe de dedos à distância, os adoradores do sol lotavam as faixas de areia. Fomos guiados até lá e depositados no cais do porto, debaixo do elevador Lacerda.
Depois de meses carregando nossos pertences em mochilas surradas, estávamos loucos para encontrar um lar; algum lugar onde pudéssemos arrumar nossos livros e pertences e formar um ninho. Três dias depois, estávamos pendurando enfeites de Benin nas paredes de nosso novo lar. O bairro da Saúde pode ter conhecido dias melhores, mas sem dúvida ainda tem personalidade. Mais do que isso, à medida que explorávamos o local, vimos que também tinha história.
Nossa rua tinha muitos nomes, mas parecia a mais reveladora de um passado que havia sido esquecido, caído por entre os escombros das casas despedaçadas ou talvez escondido por baixo das pichações. No entanto já fora conhecida como rua dos Nagôs. No século 19, nagô era o termo usado para descrever os escravos trazidos de Iorubalândia, atual Nigéria. Na primeira metade do século 19, eles eram famosos por um outro motivo. Tinham fama de arruaceiros e rebeldes. Muitos nagôs eram malês ou muçulmanos que haviam sido vendidos como escravos por reinos rivais na África. Em 1835, os malês lideraram, nas palavras de João José Reis, "a maior rebelião urbana de escravos da América", conhecida desde então como Revolta dos Malês. Nas ruas de Salvador, a dois quarteirões de nossa casa, nos contaram a lenda de Luiza Mahin, a princesa da África Ocidental que ouviu por acaso os conspiradores e delatou a rebelião por amor materno a seu filho mulato Luiz, que mais tarde se tornou o famoso abolicionista Luiz Gama. Logo descobrimos que a revolta era uma questão central em nossa pesquisa. As consequências da revolta fracassada produziram uma repercussão legal com décadas de legislação antiafricana e exílios promovidos pelo Estado, como punição para os suspeitos de envolvimento. Esses exílios, forçados ou voluntários, tornaram-se a base para muitas das comunidades de retornados, cujos descendentes havíamos conhecido na África.
Mas também queríamos entender como teria sido a vida daqueles que foram deixados para trás; vizinhos, primos e amigos que permaneceram na escravidão ou que preferiram ficar porque o Brasil também havia, de certa forma, se tornado o seu país. Para os crioulos, era o único país que eles haviam conhecido. Estávamos decididos a descobrir o máximo possível sobre como a vida teria sido longe de Salvador, nas plantações do Recôncavo. Os lugares ocupados por escravos nas cidades se conservaram bem, embora nos recantos e gretas das mansões de seus antigos donos, no Recôncavo, os campos que eles haviam arado, as turbinas que haviam feito funcionar, os saveiros em que haviam velejado e as senzalas onde haviam dormido e comido tenham desaparecido em grande parte.
Tínhamos esperança de que, nas sombras do Engenho da Freguesia, pudéssemos encontrar algo que recapturasse aquelas vidas esquecidas. Essa casa grande fica a sete quilômetros de Candeias, fincada em uma escarpa de incríveis terras verdejantes, com vista para as águas calmas da baía de Todos os Santos. Há um engenho nestas terras desde 1544, e a casa caiu aos pedaços e foi sendo reconstruída à medida que passava por uma sucessão de proprietários aristocratas. Em 1967, morreu o último proprietário e ex-prefeito de Salvador, José Wanderley Araújo Pinho. No ano seguinte, a fazenda foi entregue ao Estado da Bahia para a criação de um museu. Wanderley Pinho havia deixado mais do que uma plantação; ele também havia gravado os quatro séculos de história do lugar. Por entre as densas linhas do seu livro, é possível traçar a ascensão e queda da população escrava do engenho. Trata-se de reconstituir vidas a partir de figuras, funções e um rol de ferimentos e defeitos horripilantes: pés inchados e aneurismas.
Infelizmente, o museu Wanderley Pinho está fechado há dez anos. Há planos grandiosos para retomá-lo se houver dinheiro para isso. Tentamos marcar uma visita e vimos os amplos quartos dos aposentos da família, uma linda e desvanecente capela particular, e os alojamentos semelhantes a celas onde os escravos viviam. A casa era um bricabraque de móveis dos séculos 19 e 20. Os últimos vestígios do maquinário para a produção de açúcar estavam enferrujando no depósito da casa, localizada perto da praia. Essa é uma oportunidade que a Bahia poderia aproveitar -uma ocasião de celebrar as vidas das pessoas que, ao longo de quatro séculos, produziram a riqueza do Estado.

Charlie Bell, historiador, e Polly Rossdale, antropóloga, estão escrevendo um livro intitulado "Retornados - A História Não-Contada do Comércio de Escravos no Brasil". Uma versão anterior deste artigo foi publicada no "Financial Times". Tradução de Leslie Benzakein.


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