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Mulheres são metade do público leitor no Brasil
DANIEL BUARQUE
DA REDAÇÃO
A
mudança no perfil das HQs segue
no Brasil a mesma tendência dos EUA,
o que modifica não só a
idade mas o gênero do
público leitor, do qual
metade são mulheres,
explica, em entrevista à
Folha, Rogério de Campos, 44, sócio da editora
Conrad.
Para ele, a massa crítica para a produção de
qualidade foi interrompida pela censura dos
EUA nos anos 50, sendo
retomada a partir de
"Maus" e da influência
dos mangás japoneses.
FOLHA - As HQs se tornaram um assunto sério?
ROGÉRIO DE CAMPOS - Os
quadrinhos adultos estão alcançando a maturidade. Mas essa descoberta das possibilidades
dos quadrinhos como
uma narrativa adulta é
uma retomada de um
processo que foi rompido nos anos 50, quando
surgiu o "Comics Code
Authority" [1954], que
censurava a publicação
de HQs. Na época, os
quadrinhos de super-heróis estavam em crise
e o CCA dizia que os
quadrinhos tinham que
ser mais ingênuos que a
programação de TV.
Paralelamente ao
crescimento, o quadrinho "mainstream", de
super-herói, vem hoje
em queda permanente.
A narrativa passou a ter
uma importância maior
que a própria imagem, e
isso mudou o mercado.
FOLHA - As HQs têm hoje
prestígio de literatura?
CAMPOS - Sem dúvida.
Pensa-se que quem gosta do Homem-Aranha é
o mesmo que gosta de
Spiegelman, o que não é
necessariamente verdade. São coisas distintas.
FOLHA - Como se comporta o mercado no Brasil hoje?
CAMPOS - Mudou até o
espaço de venda. Há
pouco mais de cinco
anos, os quadrinhos
eram postos com os livros infantis; hoje, há
um espaço para HQs nas
principais livrarias.
FOLHA - E quem é o leitor
de quadrinhos no Brasil?
CAMPOS - Há muito
mais mulheres lendo
quadrinhos no país, cerca de metade do público,
o que não era comum.
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