JOSÉ MINDLIN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Esta é uma tarefa muito difícil: indicar o melhor livro, o mais importante que já li em minha vida. Meu Deus, numa vida longa a gente lê tanta coisa... Neste caso, acho que não conseguiria dizer apenas um. Entre as obras nacionais eu teria que citar "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa. Foi um dos principais trabalhos que já li, um dos que mais me marcaram. É uma obra extraordinária de construção, que revela o ambiente do sertão brasileiro numa linguagem fantástica. Acho que é o maior livro do século passado, e Guimarães Rosa ocupa, na minha opinião, juntamente com Machado de Assis, o posto de melhor escritor da história do Brasil.
Depois de defender a literatura nacional, não poderia deixar de citar, mesmo que de passagem, o maior clássico da literatura internacional: "Em Busca do Tempo Perdido" (Globo), de Marcel Proust. Trata-se de um maravilhoso estudo da natureza humana, escrito por quem conseguiu retratar o que se passa na mente e no coração humano.
Ao pensar em um livro, eu acabei lembrando não de uma obra, mas de uma das frases mais marcantes já escritas, uma verdadeira lição de vida. No "Fausto", de Goethe: "É melhor um fim com horror de que um horror sem fim".