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O ciúme é o inferno
SETE ANOS APÓS O SUCESSO MUNDIAL DE "A VIDA SEXUAL DE CATHERINE M.", A CRÍTICA E CURADORA CATHERINE MILLET CONTA, EM "DIA DE SOFRIMENTO", COMO O CIÚME PENETROU EM SEU CASAMENTO
Bettina Rheims/Reprodução
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Catherine Millet em seu escritório, em Paris, decorado com fotografias em que aparece nua feitas por seu marido
JÉRÔME GARCIN
E la, ciumenta? Isso é algo que não esperávamos. Catherine Millet,
conforme sua própria
lenda faz prever, parecia ser tão pouco possessiva,
tão generosa com seu próprio
corpo, tão disposta a oferecer-se a qualquer pessoa que pudesse lhe dar prazer que não se
poderia imaginá-la como tigresa mostrando as garras para
impedir rivais jovens de se
aproximarem de seu marido.
É preciso recordar o terremoto inacreditável provocado
em 2001 por "A Vida Sexual de
Catherine M." [Ediouro; será
relançado em 2009], do qual
foram vendidos mais de 1,2 milhão de exemplares em todo o
mundo.
Uma mulher então na casa
dos 50 anos, diretora da revista
"Art Press", curadora de exposições, especialista em Salvador Dalì e Yves Klein, ela escreveu: "Participei de uma suruba
pela primeira vez nas semanas
que se seguiram à minha defloração". E acrescentou: "Me pegam e me viram em todos os
sentidos que querem".
Num tom propositalmente
neutro e lacônico, ela contava
como se entregava a "um número incalculável de mãos e de
cacetes", "trepava além de toda
repugnância", transava com
homens anônimos em estacionamentos subterrâneos, em estádios ao ar livre, nos bosques
da capital, em cabines de caminhões, em cemitérios, estações,
em armários de salas de exposição e até mesmo nos escritórios da "Art Press".
Apesar disso, essa mulher tinha e ainda tem um amor fixo:
o escritor Jacques Henric, que
conheceu quando tinha 24
anos, ele próprio autor de "Légendes de Catherine M." [Lendas de Catherine M."].
Se ela via suas próprias e maquinais práticas sexuais como
anedóticas, por outro lado elevava o casal à altura de um absoluto. Indiferente à higiene,
aos preconceitos e mais ainda
aos sentimentos, ela deixava
homens de passagem dispor de
seu corpo, julgando que isso
não comprometia sua pessoa,
mas reservava para seu marido,
que convertera em "um mito",
o corpo exclusivo do amor.
Então, no dia em que Catherine descobriu que Jacques
Henric, de seu lado, não se privava de ter aventuras, ela desabou. "Jour de Souffrance" [Dia
de Sofrimento, Flammarion,
280 págs., 20, R$ 59, a ser
lançado em 2009 pela Ediouro]
é o relato metódico desse ciúme que nasce quase que por
acaso, cresce com a rapidez de
uma erva daninha, invade o espaço vital, prospera, sufoca,
destrói e jamais se entrega.
À medida que vasculha os papéis do marido, controla suas
idas e vindas e avança em sua
investigação, Catherine Millet
descreve de maneira clínica a
aceleração vertiginosa de seu
ritmo cardíaco, sua dificuldade
em respirar, suas crises de angústia, de raiva, de lágrimas,
seus pesadelos recorrentes, os
fantasmas que sua desconfiança cria hora após hora ("eu não
sonhava mais com minha própria vida sexual, sonhava com a
de Jacques"), a extensão de sua
confusão, os ansiolíticos que
engole em vão, os conflitos cada vez mais abertos com aquele
que ela suspeita de "incansáveis façanhas priápicas com
outras mulheres".
E, para tentar entender sua
dor com a razão, ela busca em
sua infância, seu passado, sua
vida, a origem obscura de sua
dor, a explicação de sua disposição natural em imaginar o
melhor com o pior.
Escrito em uma linguagem
muito bonita e elegante, "Dia
de Sofrimento" explora, de maneira muito singular, uma
doença atemporal e universal.
É também uma comovente
canção de amor por aquele que,
em "Lendas de Catherine M.",
escreveu, como se quisesse
tranquilizá-la: "Todos os corpos e todas as existências de
mulheres que habitam meus
romances e meus ensaios foram forjados a partir dela".
PERGUNTA - A sra. imaginou por
um instante que "A Vida Sexual de
Catherine M." seria um sucesso tão
grande -mais de 700 mil exemplares vendidos na França- e que seria
traduzido para 40 línguas?
CATHERINE MILLET - Não, de maneira nenhuma. Escrevi esse livro de maneira bastante ingênua, sem por um instante medir o alcance do que estava fazendo. Minha única preocupação era não causar constrangimento às pessoas que vivem a
meu redor.
Não pensei nem no sucesso
nem no contrário: a censura,
que teria podido atingir aquele
texto propositalmente cru.
PERGUNTA - "A Vida Sexual de Catherine M." tornou-se muito rapidamente um fenômeno social. Em que
isso mudou sua vida?
MILLET - Graças às traduções, a
aventura do livro durou três
anos, durante os quais eu me
diverti loucamente.
Viajei muito, participei de
programas de TV inesperados,
encontrei pessoas de todo tipo,
recebi uma quantidade impressionante de correspondência.
Sobretudo cartas de homens,
que me relatavam sua vida sexual em detalhes e profusão.
Mais de homens simples, aliás,
que de intelectuais -desde um
detento numa prisão num fim
de mundo dos EUA até um condutor de trens inglês que encontrou meu livro abandonado
num banco do vagão.
O cuidado e o rigor com que
me descreviam sua sexualidade
mostravam que, de certa maneira, queriam fazer como eu.
PERGUNTA - Ao mesmo tempo em
que saía "A Vida Sexual de Catherine M.", era lançado "Lendas de Catherine M.", de seu marido, Jacques
Henric. Nele, ele a fotografou nua e
explicou porque, por 30 anos, a sra.
foi a atriz central não apenas de sua
vida, mas também de seus romances. Ele chegou a escrever que "uma
mulher livre, sem culpas, é um belo
presente para um romancista". "Dia
de Sofrimento" é uma resposta dolorosa a essa declaração de amor?
MILLET - É estranho, porque eu
não tinha pensado -ou melhor, não tinha medido- até
que ponto o livro de Jacques foi
de fato uma declaração de
amor. Na época, eu não soube
ler o livro com tanta clarividência. É preciso lhe dizer que escrevemos -ele, "Lendas...", e
eu, "A Vida Sexual..."- no momento em que a crise terrível
que relato em "Dia de Sofrimento" acabava de terminar.
Ele não tinha compreendido
essa crise. Ele e eu nos batíamos contra um muro. Ele não
captava a violência de meu ciúme, ao mesmo tempo em que
estava convencido de que me
amava por aquilo que eu era,
também por minha liberdade
sexual. Talvez eu tenha escrito
"Dia de Sofrimento" por uma
única razão: para que Jacques
finalmente compreendesse.
PERGUNTA - O paradoxo espantoso
de "Dia de Sofrimento", que é um livro magnífico sobre o ciúme, é que a
sra. espionava e vigiava seu companheiro, Jacques Henric, com a obsessão de uma mulher fiel a seu marido. E é preciso esperar até a página
160 para a sra. admitir a independência de sua própria vida sexual, o
número incalculável de seus parceiros, e escrever: "Jacques me remetia
a meus próprios casos, ao fato de
que eu não tinha deixado de participar de orgias e que, sobretudo, durante longos períodos, meu desejo
me levara para outros lugares e me
desviara dele".
MILLET - Sim, foi preciso que
Jacques me conduzisse a essa
idéia para que eu tivesse uma
tomada de consciência súbita.
À época, eu vivia num estado
de cegueira total. Sem abandonar a moral libertária que sempre tivera, eu não tomava o
tempo necessário para refletir
sobre mim mesma e me dizer:
"O que você está fazendo, pobre
garota!".
Na verdade, mais do que a
Jacques, "Dia de Sofrimento" é
uma resposta a todos os leitores de "A Vida Sexual...", pois,
apesar do tom neutro do livro,
acharam que minha vida era
uma orgia alegre e perpétua,
que fazia a apologia do hedonismo ou até proselitismo.
A esses, digo que assumir
uma sexualidade muito livre
não nos impede de cair na armadilha assustadora do ciúme
e não nos protege de antemão
contra a dor que a acompanha.
PERGUNTA - No entanto, em "A Vida Sexual...", no qual orgias imensas
se sucedem a encontros sexuais passageiros, a questão do ciúme é tratada brevemente. Chega a escrever,
num sobressalto de moral, que seu
leito conjugal é tabu absoluto, que
não era imaginável que outra mulher se esgueirasse para dentro dele.
MILLET - Do mesmo modo que
eu não teria suportado que outro homem se deitasse nele! O
sr. tem razão, o sentimento do
ciúme já estava presente em "A
Vida Sexual...", mas era cedo
para eu conseguir falar dele.
PERGUNTA - A sra. resume muito
bem o dilema que a atormenta, definindo-se ao mesmo tempo como
uma mulher "constante em seu casamento" e "sexualmente versátil".
MILLET - Direi ainda mais. Acho
que, se pude ter a vida sexual
desenfreada que foi a minha
durante algum tempo, foi precisamente porque estava muito
estável no amor, muito sólida
em meu casamento.
É porque eu não tinha nenhuma necessidade afetiva não
satisfeita que podia encontrar
prazer indo de um parceiro a
outro. Eu tinha amor em casa,
eu podia buscar apenas o prazer fora dela.
PERGUNTA - Podemos dizer, para
resumir, que a sra. tem dois corpos
-o do amor, do qual é proprietária,
e o do prazer, do qual é locatária?
MILLET - Sim, foi a fotografia
que me revelou isso. Perguntaram-me muitas vezes como eu
podia aceitar ser fotografada
nua, sem preparativos, de maneira quase improvisada, numa
plataforma de estação ou num
banco de jardim, e eu sempre
respondi que não dava a mínima. São imagens de um corpo, é
verdade, mas aquilo não sou eu.
Meu corpo não é minha pessoa. Quando o empresto a outros, posso me retirar dele. É
por isso que sou bem menos
narcísica do que já foi dito: não
tenho absolutamente a preocupação de ficar bela diante da
objetiva e, tampouco, a de disfarçar minhas imperfeições.
PERGUNTA - Em "Dia de Sofrimento", descobrimos que, desde o início
de sua relação com Jacques Henric,
no começo dos anos 1970, a sra. sentiu ciúme, sem razão.
MILLET - Ao amor que eu sentia
por ele se somava um mistério
que o cercava e, de certa maneira, o tornava inacessível.
No início, esse mistério era
excitante e, depois, após alguns
anos de vida em comum, se tornou opressor. É preciso dizer
que Jacques é um homem muito sigiloso -e ainda é.
Eu, por exemplo, mostro-lhe
o que escrevo; já ele nunca me
mostra seus manuscritos.
Quanto mais é secreto, mais o
mitifico e me sinto ligada a ele.
PERGUNTA - A crise, como diz, começou no dia em que a sra. encontrou algumas cartas por acaso. A sra.
descobriu que Jacques tinha outras
mulheres em sua vida, especialmente uma certa L. A sra. então se transformou numa verdadeira detetive
particular, na cirurgiã da intimidade
dele. Ele, por sua vez, se deu conta
disso e a acusou de "ciúme mórbido", de "insistência masoquista na
mesma tecla". Ele sabia que a sra. lia
suas cartas, que abria seu computador -ou seja, ele não lhe escondia
nada sobre suas relações.
MILLET - Sim, ele me dava o material de meu ciúme. Mas estou
certa de que ele não se dava
conta das proporções insensatas que esse ciúme iria tomar. O
ciúme se tornou, de fato, meu
pão de todos os dias. É um inferno. Em dado momento, tanto ele quanto eu pensamos que
jamais superaríamos aquilo.
Era prisioneira de minhas
construções imaginárias, de
minhas fantasias paranóicas,
em que imaginava Jacques com
outras mulheres. Não conseguia me impedir de tecer essas
fantasias, apesar de ter consciência de que me faziam mal.
Assumir
uma sexualidade muito livre
não nos impede de cair na armadilha assustadora
do ciúme
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PERGUNTA - A sra. tomava ansiolíticos e reagia, escreveu, como uma
bússola enlouquecida.
MILLET - O sofrimento era tão
agudo que às vezes era comparável às pulsões que dominam
os assassinos e estupradores
seriais.
Depois do ato, dizem que o
que cometeram é infame, mas
que não conseguiram resistir a
essa força que os submergia,
como se os dividisse em dois.
Pois era isso o que vivia.
No momento mais violento
de meu ciúme, cheguei a me documentar e li depoimentos de
criminosos desse tipo para
compreender o que me estava
acontecendo. Eles sempre diziam: "Eu me vi agir, matar, violar". Eu me via vasculhar os
pertences de Jacques, me rebaixar ao ponto de espionar.
PERGUNTA - A sra. não conta no livro o que foi a vida sexual de Catherine M. durante essa crise de ciúme.
MILLET - Justamente, eu não tinha mais a vida sexual de Catherine M. Tive algumas relações com dois ou três parceiros,
relações que se desfizeram -só
isso. Minha maior relação, inclusive física, era com o ciúme!
Meu corpo estava possuído, no
sentido próprio do termo. Então, para acalmar minha histeria, Jacques fazia amor comigo.
PERGUNTA - A espiral em que se
perde é tão grande, então, que, ao
final, não vem mais ao caso saber se
o ciúme é fundamentado ou não...
MILLET - Justamente. Estávamos além disso. A prova é que
Jacques nunca me confessou
amar outra mulher mais que a
mim, nem eu jamais pensei que
o amava menos porque ele me
traíra -nossa relação de amor
nunca rachou.
A crise que descrevo é uma
espécie de depuração da construção fantasmática própria do
ciúme, na medida em que os
medos que geralmente acompanham esse sentimento, o
medo de não mais ser amada,
de ser abandonada, eram praticamente inexistentes.
PERGUNTA - Os fantasmas sempre
a habitaram, como descobrimos ao
ler seu livro. Desde a idade mais
tenra, a sra. faz seu próprio cinema:
a masturbação é uma máquina de
projeção, uma fábrica do imaginário. A sra. o escreve claramente:
"Existe para o ser humano prazer fora da obscenidade? Mesmo quando
os corpos estão mais estreitamente
em contato, não há um desvio por
uma projeção imaginada mais além
desse contato -por um espetáculo,
mesmo que seja mental?".
MILLET - Sou uma pessoa que
vive primeiramente em minha
própria cabeça. Em razão de
minha vida profissional, da
"Art Press", que dirijo, das exposições que visito ou que organizo, das viagens que faço, dos
livros que escrevo, as pessoas
costumam me ver como uma
mulher hiperativa.
Acontece que tenho necessidade de me refugiar incessantemente em meus sonhos, para
melhor ou para pior.
Sou de certo modo uma mulher interiorizada. E isso começou na infância.
Se pude
ter a vida sexual
desenfreada
que tive, foi
porque estava muito sólida
em meu
casamento
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PERGUNTA - Em "Dia de Sofrimento", a sra. também evoca dois fatos
dramáticos: a morte acidental de
seu único irmão e o suicídio de sua
mãe, que se atirou de uma janela.
Em que esses fatos determinaram
sua vida?
MILLET - Acho que o suicídio de
minha mãe marcou o fim definitivo de minha vida sonhada,
aquela que está ligada a minha
infância e adolescência. Naquele momento, pensei que eu deveria renunciar a tudo, inclusive a escrever.
Em relação a minha mãe,
uma cena, segundo meu analista, me "salvou": foi o dia quando, ainda criança, a vi beijar seu
amante diante da porta do
apartamento da família. E outra cena quase me desmontou:
foi o dia em que ela pôs um fim
violento a sua vida.
"A Vida Sexual de Catherine
M." foi criticado por ser destituído de sentimento. Isso foi
proposital de minha parte. Eu
queria testemunhar que o prazer podia ser independente dos
sentimentos.
Em contrapartida, "Dia de
Sofrimento" é repleto de sentimento, sem por isso ser um livro sentimental! Ele fala sobretudo de sensações, de emoções.
A exploração do ciúme levou
obrigatoriamente à exploração
do meu inconsciente. Eu tinha
que ir até a origem de minha
paranóia, retornar à garotinha
sonhadora da periferia parisiense. Somada à análise que eu
estava fazendo, foi uma espécie
de auto-análise.
PERGUNTA - "Dia de Sofrimento"
também pode ser lido como um auto-retrato. A sra. relata seu nascimento na periferia de Paris, de onde
saiu aos 18 anos tendo como única
bagagem suas leituras, como modelo, a escritora Françoise Sagan
[1935-2004].
MILLET - De fato, ela exerceu
um papel determinante para
mim, porque era ao mesmo
tempo uma figura literária e
um modelo social. Escrevia romances brilhantes, tinha liberdade de dirigir automóveis possantes, freqüentava o meio das
pessoas importantes, desprezava os tabus.
Eu pertencia à pequena burguesia; meu pai tinha uma auto-escola, minha mãe era secretária, enquanto eu sonhava em
ser como Sagan. Adolescente,
eu passava meu tempo lendo
romances e escrevendo poemas -sabia que estava destinada a ler e escrever.
Em suma, eu já tinha a vocação muito antes de saber sobre
o que escreveria. Levei tempo
para conhecer meu objeto. O livro que estava inscrito em
mim, hoje eu sei, era "A Vida
Sexual de Catherine M.".
Mas, antes disso, foi preciso
que eu dedicasse um ensaio a
Yves Klein e que descrevesse
desvios pela arte contemporânea, até chegar ao "meu" livro.
PERGUNTA - No início do livro, a sra.
dá a definição de "Dia de Sofrimento", tirada do dicionário: "Janela
que se pode abrir dando para a propriedade de um vizinho, sob a condição de guarnecê-la de uma moldura
fixa". Como encontrou esse título?
MILLET - Há de tudo nesse título: a espionagem, a vizinhança e
a dor. Você irá rir, mas foi Jacques Henric quem me deu a
idéia. Isso revela sua importância em minha vida. É preciso dizer que o melhor título já tinha
sido tomado por Robbe-Grillet
-"La Jalousie" [O Ciúme].
PERGUNTA - Jacques leu seu livro?
MILLET - Evidentemente. Ele
me disse que foi mais bem escrito que o anterior. É preciso
reconhecer que, quanto mais
difícil é o tema, mais nos esforçamos. E eu me esforcei muito.
Especialmente na construção,
que eu quis que fosse tão cuidada e pensada quanto a disposição dos quadros numa exposição da qual sou curadora.
Aliás, não é impossível que
Jacques, por sua vez, escreva
seu próprio livro para responder a "Dia de Sofrimento".
A íntegra desta entrevista foi publicada na
"Nouvel Observateur".
Tradução de Clara Allain .
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