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Adolf, o astro virtual
Animação com caricatura do ditador alemão é sucesso de público na web, mas é censurada nas TVs
DO "LE MONDE"
Visitado mais de cinco milhões de vezes
na internet, seja na
versão original em
alemão, seja em forma de karaokê, o vídeo de animação do desenhista Walter
Moers, "Adolf - Ich Hock" in
meinem Bonker" (Adolf - Estou Sozinho no Bunker) obteve
imenso sucesso e se celebrizou
além das fronteiras alemãs.
A história desse curta-metragem de animação começa
em 1945: "O mundo estava em
chamas, a Alemanha em ruínas
e, no Japão, as coisas não iam
nada bem. Mas um homem não
havia perdido a coragem...". O
homem de bigodinho preto e
sotaque austríaco se chama
Adolf e vive sozinho em seu
bunker, acompanhado pela cadela Blondi e por três patinhos
de plástico. Protegido por três
metros de concreto, vocifera,
furioso, que jamais se renderá.
O que o vídeo tem de especial? Mostrar o Führer como
jamais foi visto: nu no banheiro, entronado no vaso sanitário, conversando com o cachorro. Um Hitler humanizado.
Não foi preciso nada mais para
deflagrar séria polêmica na
Alemanha. É possível rir de tudo, especialmente de Hitler?
Trata-se de um debate que
ressurge regularmente na sociedade alemã, e a caricatura de
Moers não escapa à regra. As
TVs ProSieben, MTV e RTL 2
se recusaram a veicular publicidade de produtos derivados
do desenho, logotipos animados ou ringtones para celulares
com a voz do personagem.
Provocador convicto
Diante da pergunta "é possível zombar do nazismo?",
Moers responde categoricamente que não, "não se pode
zombar do nazismo". Porque,
para ele, caricaturar não equivale a tornar simpático.
Não se trata da primeira experiência de Moers com o personagem. Adolf, o herói de seu
vídeo, surgiu em 1997, no jornal
satírico "Titanic". Um ano mais
tarde, foi retomado em uma
história em quadrinhos chamada "Adolf - Äch Bin schon Wieder da" [Adolf - Já Estou de
Volta], em que o ditador ressurgia depois de passar 50 anos
nos esgotos de Berlim.
A história trazia o nazista
Hermann Göring como transexual e participação de Michael
Jackson. Os três volumes das
aventuras de Adolf se tornaram
líderes de vendas no mercado
de quadrinhos alemão.
Moers é visto como provocador e brinca com essa imagem.
Em entrevista à TV ZDF, justificou com muita simplicidade a
escolha de Adolf: "Nós só temos
na Alemanha dois ícones pop
utilizáveis em nível internacional: o papa e Adolf Hitler. No
caso do papa, é preciso pagar licença à Igreja Católica; no caso
de Hitler, o uso é gratuito".
Os sites de vídeo foram essenciais para dar visibilidade ao
desenho animado e gerar polêmica. Essa exposição na web
suscitou debates acirrados e
comentários de toda natureza.
Há aqueles que consideram irrealista demais a versão da história que o desenho oferece e
outros que continuam a expressar idéias racistas e a comparar todos os alemães a Hitler.
Os fãs preferem esperar por
uma continuação. E um internauta anônimo solicitou uma
versão estrelada pelo presidente dos EUA, George W. Bush.
Tradução de Paulo Migliacci.
Acesse a animação original partir do
site http://video.google.de
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