São Paulo, Domingo, 28 de Março de 1999 |
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RISCO NO DISCO Lábios de fel
LEDUSHA SPINARDI Walt Whitman, "Canto de mi mismo" (tradução de Jorge Luis Borges) Um "bateau" indo, meu batom leve, mes "lèvres" livres. Côncavas noites brancas. "Rêves" sem remos. Estrondosa lua mais alva ainda. Relva de verde absoluto, mar de folhas, ondas de Whitman. Voz solitária atraca-se a teias buscando as letras do insólito canto. Dança o verbo no princípio. Voa o barco bêbado, branco livro sem trevas. Cantiga de rio, lanternas bailando à brisa notívaga. Personagens vulneráveis, rimas que suguei com lábios de fel até o osso, vislumbrando a maciez do musgo no fundo do poço. Dissipação, concentração, alquimia prima do mesmo grão em que cérebro e vísceras compõem a harmonia. Soluços de sereia não comportam aspas. Certos ritmos não suportam vírgulas. Literatura salva, mente e mata. Solo insondável. Dura verdade, seda pura. Texto Anterior: Ponto de fuga - Jorge Coli: O cinema como prazer Índice |
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