São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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DIÁLOGOS IMPERTINENTES

Um espírito baixou no século

da Redação

A escritora Ana Miranda ("Boca do Inferno", "Clarice") vê o final do século propiciar a volta à religião, às doutrinas, às crenças. O cientista político Paulo Edgard Almeida Resende (professor de pós-graduação em ciências sociais da PUC-SP) acha que caíram as imensas certezas do século 19 e terminamos este com muitas dúvidas, "esperando Godot".
Discutia-se o espírito, no último "Diálogos Impertinentes", série promovida pela Folha, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pelo Sesc (Serviço Social do Comércio). Mediaram o debate Mário Sérgio Cortela, do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, e este repórter. O próximo acontece em dois dias e fala do futuro.

Todos pelo mesmo
Para Ana Miranda, a discussão fez lembrá-la da sensação que tem de achar que todos os livros foram e são escritos pelo mesmo espírito. Todos os livros escritos por um mesmo espírito?
Dos de Jorge Luis Borges aos de Paulo Coelho, passando por "Mein Kampf", de Hitler, perguntaria um espírito de porco (que, aliás, perguntou na noite e no programa em questão)? "É a sensação que tenho", disse ela.
Já Paulo Edgard Almeida Resende aproveitou para dizer que, em nome do espírito, movimentos como os atuais dos padres carismáticos acabam manipulando a massa em suas incertezas. "Essa religiosidade é uma religiosidade que me coloca diante de algumas interrogações", disse.
À infalível pergunta, cuja resposta custou a FHC a eleição à Prefeitura de São Paulo em 1985, disse a escritora: "Há momentos em que acredito em Deus, há momentos em que não". E o cientista político, que foi estudante de teologia?... Bem, este deixou a reposta implícita. (SÉRGIO DÁVILA)

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