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DIÁLOGOS IMPERTINENTES
Um espírito baixou no século
da Redação
A escritora Ana Miranda ("Boca
do Inferno", "Clarice") vê o final
do século propiciar a volta à religião, às doutrinas, às crenças. O
cientista político Paulo Edgard
Almeida Resende (professor de
pós-graduação em ciências sociais da PUC-SP) acha que caíram
as imensas certezas do século 19 e
terminamos este com muitas dúvidas, "esperando Godot".
Discutia-se o espírito, no último
"Diálogos Impertinentes", série
promovida pela Folha, pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP) e pelo Sesc
(Serviço Social do Comércio).
Mediaram o debate Mário Sérgio
Cortela, do Departamento de
Teologia e Ciências da Religião da
PUC-SP, e este repórter. O próximo acontece em dois dias e fala do
futuro.
Todos pelo mesmo
Para Ana Miranda, a discussão
fez lembrá-la da sensação que tem
de achar que todos os livros foram
e são escritos pelo mesmo espírito. Todos os livros escritos por
um mesmo espírito?
Dos de Jorge Luis Borges aos de
Paulo Coelho, passando por
"Mein Kampf", de Hitler, perguntaria um espírito de porco (que,
aliás, perguntou na noite e no
programa em questão)? "É a sensação que tenho", disse ela.
Já Paulo Edgard Almeida Resende aproveitou para dizer que,
em nome do espírito, movimentos como os atuais dos padres carismáticos acabam manipulando
a massa em suas incertezas. "Essa
religiosidade é uma religiosidade
que me coloca diante de algumas
interrogações", disse.
À infalível pergunta, cuja resposta custou a FHC a eleição à
Prefeitura de São Paulo em 1985,
disse a escritora: "Há momentos
em que acredito em Deus, há momentos em que não". E o cientista
político, que foi estudante de teologia?... Bem, este deixou a reposta implícita.
(SÉRGIO DÁVILA)
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