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Os bons companheiros
VINDOS DE VÁRIAS PARTES
DO PAÍS, TODOS LUTAM
POR UMA META COMUM
NO MÉDIO XINGU
Luiz Carlos Nunes Castelo, grande pecuarista (São José do Xingu)
Luiz Castelo nasceu no
Espírito Santo, é empresário da construção
civil em São Paulo e mora
em Santa Catarina. Uma ou
duas vezes por mês, voa para São José do Xingu, para
tomar pé dos 13.400 hectares e 10 mil bois da fazenda
Bang Bang, "um lugar de
paz". Castelo é também o
maior plantador de florestas da Amazônia.
Em 2004, assinou um
termo de ajuste de conduta
(TAC) para recuperar 342
hectares de matas ciliares
em dez anos.
Já começou em 206 hectares, mas demorou para
acertar o modelo.
Antes, chegou a plantar
92 mil mudas de dez espécies, que não deram certo.
Hoje planta sementes com
lançadeira puxada por trator. Até março passado, seu
investimento em recuperação já havia ultrapassado
R$°371 mil.
Não vai desistir, mas se
queixa da falta de apoio:
"Precisamos de tempo, tecnologia e financiamento".
Armando Menin, catarinense, assentado (Querência)
De 1975 a 1987, Armando Menin plantava soja com a família em Xanxerê (SC). Em
1988, mudou-se para Querência em busca de terra
própria, na qual plantou soja e depois arroz. Perdeu tudo em 1993: "Quebrei para
salvar um filho", conta, sem
dar mais detalhes.
Recomeçou a vida no
Projeto de Assentamento
Brasil Novo, a 130 km da cidade. O lote número 130,
com 75 hectares, participa
do reflorestamento de matas ciliares da Y Ikatu Xingu.
Dois hectares e meio de
mata ciliar em recuperação
foram até "alugados" para
compensar (neutralizar)
emissões de carbono do
Rock in Rio Lisboa.
Com outros assentados,
Menin produz por ano
8.500 litros de cachaça e
1.560 kg de açúcar mascavo,
além de 800 kg mensais de
farinha de mandioca e
5.000 kg de polpa de abacaxi, que vendem para a merenda escolar da Prefeitura
de Querência.
Ayré Ikpeng, coletora de sementes (Parque Indígena do Xingu)
Uma palavra usada
com frequência para qualificar a icpengue Ayré é "guerreira".
Sua liderança entre as mulheres da aldeia Moigu é visível na reunião de apresentação dos repórteres da Folha na "casa dos homens ",
modesto telheiro diante da
casa cerimonial habitada
pelo chefe Aracá. É a que
mais fala, depois de Maiuá,
professor, secretário da associação indígena e organizador do encontro.
Nessa mesma "casa dos
homens", realizara-se dias
antes a assembleia em que
se decidiu, contra a inclinação inicial dos chefes masculinos, que seria importante mostrar o trabalho
das mulheres à imprensa.
As palavras de Ayré foram
decisivas, nos contam.
Também foi da guerreira a
ideia de chamar o grupo coletor de sementes de "yarang", formigas. Como as
mulheres, elas recolhem
muitas coisas pequenas do
chão, que depois carregam
na cabeça.
Arão Pinheiro, paranaense, coletor de sementes (Canarana)
Ex-policial, Arão Pinheiro chegou a Canarana vindo de Curitiba há 17 anos, com a intenção de criar os filhos "longe
do vuco-vuco da cidade
grande". Hoje afirma: "Vim
pelo caminho certo".
Quando criança, Pinheiro
trabalhou na lavoura de café. Queria envelhecer como
agricultor. Aos 52 anos,
considera-se um coletor
profissional de sementes.
Associou-se com os cunhados Ivo Cesário da Silva
e Sílvio Santos da Silva, ex-trabalhadores rurais no Paraguai e exímios no manejo
do podão, para alcançar e
derrubar os galhos mais altos.
A família toda se envolve
com as sementes, seja com
a coleta na mata vizinha à
cidade, seja na limpeza
-como os sogros Rosalinda
dos Santos Silva e Darci Batista de Oliveira, de tesoura
em punho na varanda da casinha cor de laranja.
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