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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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+ CONCEITOS

TEORIA CRÍTICA

Ricardo Musse
especial para a Folha

O termo "teoria crítica" surge, nos anos 1930, como codinome para o marxismo, em uma época marcada pela ascensão do nazi-fascismo e do stalinismo. Mais que um disfarce, tratava-se da tentativa de manter viva a tradição marxista, sem a âncora do proletariado ou do partido. A versão formulada então, conhecida por "materialismo interdisciplinar", atesta o predomínio intelectual e político de Max Horkheimer, na ocasião diretor do Instituto de Pesquisas Sociais. Os artigos publicados na revista do Instituto, principalmente os da lavra do próprio Horkheimer, constituem a espinha dorsal teórica da Escola de Frankfurt.
Vistos retrospectivamente, os ensaios dos principais colaboradores, Erich Fromm, Herbert Marcuse, Walter Benjamin e Theodor Adorno, prenunciam a futura diáspora. Mas não seria difícil ler os desdobramentos teóricos posteriores como correções da primeira versão da teoria crítica. Adorno defende um conceito ampliado de experiência, mais abrangente que a concepção de "filosofia social", descrita por Horkheimer como junção de filosofia e saber científico especializado, de teoria e pesquisa empírica. Sob a influência de Kracauer, do jovem Lukács e sobretudo de Benjamin, Adorno ensaia a incorporação de outras formas de conhecimento, como a experiência individual, desdobrada depois em "Minima Moralia" (1951), e a experiência estética, numa série de textos cujo fecho é sua "Teoria Estética" (1970).


Ricardo Musse é professor no departamento de sociologia da USP


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